António veio de viagem
Encontramos nesta região da ribeira de Muge, uma grande variedade de “Versos” alguns de grande beleza, E que, pelas vozes telúricas, penetrantes, por vezes rudes e agrestes das mulheres, foram cantados com orgulho, por sucessivas gerações dentro dos arrozais desta Ribeira de Muge. Quantas vezes como lenitivo para aguentar a fome, a dureza do trabalho, a saudade de maridos e namorados, normalmente nas partidas da guerra.
“Versos” cujas letras relatando os mais díspares acontecimentos, com funções ora de divulgação da notícia, ora de entretenimento, por vezes a persistência dos mesmos temas ao longo do tempo, denota uma actualização temporal de antigos temas.Apesar de usarem uma linguagem simples, própria do povo por quem eram criados e de um povo iletrado a quem quase sempre se destinavam, neste, e em outros, é patente uma menor antiguidade, uma qualidade conceptual e literária bastante inconstante. Alguns deles são meras quadras, de rima muito variável, “versos” que até meados do século XX, eram propagados através da tradição oral, cantados por “ceguinhos”, divulgados por meio de folhetos, que vendiam nas tabernas ou nas feiras, ou disputados, oralmente, junto dos ranchos que vinham de outras regiões do país, fazendo hoje parte do Romanceiro tradicional desta região.
Antonio veio de viagem clique aqui para ouvir