segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Actas do colóquio sobre a realidade dos moinhos de vento portugueses


Índice

  • Nota Prévia
  • Objetivos do Colóquio
  • Programa do Colóquio
  • Mesa de Abertura
  • Os moinhos de vento no distrito de Aveiro, por Armando Carvalho Ferreira
  • Moinhos com Novos Ventos, por Fátima Nunes
  • Os Moinhos de Vento na Região da Ribeira de Muge: o labor do vento em terra de moinhos de água, por Samuel Rodrigues Tomé
  • Personalidades institucionais presentes



Encomendas para academia.xiv@gmail.com 

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Homenagem a Frazão de Vasconcelos

Aproveitando a homenagem a Frazão de Vasconcelos, o primeiro que viu a importância do quinhentista Paço Real da ribeira de Muge, mais um pequeno/grande passo para o reconhecimento da História e fundação de Paço dos Negros, e da importância que este paço teve no século XVI, no auge da gloriosa História de Portugal, e pode vir a ter nesta época do turismo.



quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Um tributo da Academia a Frazão de Vasconcellos


A Academia Portuguesa da História (APH), representada pela sua secretária-geral (a Prof. Doutora Maria de Fátima Reis), estará presente na homenagem a Frazão de Vasconcellos promovida pela Academia Itinerarium XIV da Ribeira de Muge, no próximo dia 1 de dezembro, às 15 horas, no Paço Real da Ribeira de Muge (Paço dos Negros - Almeirim). 

Frazão de Vasconcellos foi o primeiro académico que estudou o Paço Real da Ribeira de Muge, e publicou um artigo sobre o mesmo da revista Brasões e Genealogias, em 1926. A Academia Itinerarium XIV assinala os 90 desta publicação dando a conhecer, em Paço dos Negros, quem foi Frazão de Vasconcellos, uma vez que é uma personalidade praticamente desconhecida aqui. 

Frazão de Vasconcellos foi membro da Academia Portuguesa da História, e a Prof. Doutora Maria de Fátima Reis proferirá uma palestra intitulada "José Frazão de Vasconcellos na Academia Portuguesa da História". 

Esta será, sem dúvida, uma oportunidade ímpar para conhecer melhor este vulto de cultura nacional, que além do Paço Real da Ribeira de Muge houvera publicado também um estudo em 1924 onde abordava o Convento de Nossa da Serra, também no concelho de Almeirim.  

A sessão terminará com um momento cultural "Crespo com Trio de Cordas". Um tributo à cultura popular. 

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

160 anos, a homenagem de um ferroviário.



 Do livro Histórias Ferroviárias.

O dia da Inauguração do Caminho-de-ferro


Se este livro recorre, de certo modo, a aspectos algo caricatos ocorridos com ferroviários, o certo é que faz jus ao dia da inauguração do primeiro troço de linha, entre o Cais dos Soldados e o Carregado, a 28 de Outubro de 1856 em que, apesar da solenidade do dia, logo proporcionou a primeira história grotesca para ser contada aos vindouros.
Eis o que, destoando da boa imprensa da época, “tudo correu sobre rodas”, encontramos nas “Memórias da Marquesa de Rio Maior”, sobre o acontecimento histórico:
"Vou narrar o que me lembra do solene dia da inauguração que, enfim, chegou…
Como estávamos de luto pelo falecimento de minha querida Avó, minha Mãe não quis ir ao banquete do Carregado. Mas foi comigo para um cerro fronteiro à estação de Alhandra ver a passagem do comboio em que meu Pai devia tomar lugar…
Murmurava-se insistentemente que a ponte de Sacavém não poderia resistir ao peso… Esse terror, conjugado com o atraso enorme, punha os nossos corações em sobressalto, no pavor de que se tivesse dado uma catástrofe.
Finalmente, avistámos ao longe um fumozito branco, na frente de uma fita escura que lembrava uma serpente a avançar devagarinho. Era o comboio!
Quando se aproximou, vimos que trazia menos carruagens do que supúnhamos. Vinha festivamente embandeirado o vagão em que viajava El-Rei D. Pedro V.
O comboio parou um momento na estação, de onde se ergueram girândolas estrondosas de foguetes; vimos El-Rei debruçar-se um instante e fazer-nos uma cortesia; meu Pai, alegremente, acenou-nos um adeus rápido. Tudo passou como uma visão (...). Só no dia seguinte ouvimos meu Pai contar, com aquela "verve", que lhe era peculiar em certas ocasiões, as várias peripécias dessa jornada de inauguração.
A máquina, escusado será dizer, das mais primitivas (parecia um enorme garrafão), não tinha força para puxar todas as carruagens que lhe atrelaram; e fora-as largando pelo caminho. Algumas, de convidados, nos Olivais. O vagão do Cardeal-Patriarca e do Cabido ficou em Sacavém; mais um, recheado de dignitários, ficou ao desamparo na Póvoa. – Creio que se o Carregado fosse mais longe, e a manter-se uma tal proporção, chegava lá a máquina sozinha, ou parte dela.
Foi pelas alturas da Póvoa que meu Pai passou para a carruagem real na qual chegou ao Carregado, onde assistiu aos festejos, e onde pôde comer lautamente, porque o banquete era farto e também porque…passaram muita fome os que ficaram pelo caminho. Esses desprotegidos da sorte, semeados pela linha ao acaso das debilidades da tracção acelerada, só chegaram alta noite a Lisboa, depois de ousadíssimas aventuras, que encheram durante meses os soalheiros oficiais. Até andou gente com archotes, pela linha, em procura dos náufragos do Progresso.







Como o povo cantou a morte de D. Pedro V


Foi D. Pedro V o monarca que inaugurou a era dos caminhos-de-ferro em Portugal. Jovem rei, muito querido dos portugueses, junto de engenheiros e operários percorrendo a linha, visionando os trabalhos, afincadamente tinha concorrido para esta inauguração. Morreu jovem, aos 24 anos. O seu funeral realizado no dia 16 de Novembro de 1861, cinco dias após a sua morte, foi uma grande manifestação do amor do povo para com o seu amado rei. É da história que centenas de milhares de pessoas choravam à passagem do cortejo fúnebre. É das crónicas que ilustres positivistas, como Herculano, o choraram.
Através de uma canção, perdida entre o povo simples de uma remota aldeia do concelho de Almeirim, Paço dos Negros, canção que tive se não o privilégio de a resgatar da morte, ao menos o prazer de a gravar e de a dar a conhecer neste livro, vislumbra-se o mesmo povo que, tão intensamente sentiu esta perda, vibrou com o moderno meio de transporte, de tal modo associou o rei aos tempos de progresso futuros que adivinhava que, mesmo na morte, quis cantar D. Pedro V perenemente associado ao comboio.
Remontará esta canção ao ano de 1861, ano da morte do fundador dos caminhos-de-ferro em Portugal:
Quando o comboio bateu
Três pancadas na estação
Já morreu D. Pedro V
Neto do rei João

Neto do rei João
Filho do imperador
Já morreu D. Pedro V
Já vai chegando o vapor

Já vai chegando o vapor
Com as bandeiras arvoradas
Com as bandeiras de luto
Só lhe falta as encarnadas

Só lhe falta as encarnadas
Para dar vivas ao povo
Já morreu D. Pedro V
Já lá vem o comboio novo

Já lá vem o comboio novo
Já lá vem ele a apitar
Já morreu D. Pedro V
Vem a mortalha a chegar

Vem a mortalha a chegar
Aceita-a devagarinho
Já morreu D. Pedro V
Vem o caixão no caminho.

Nota: É cantada.

PS. Quando o comboio bateu/Três pancadas na estação, tratar-se-à, de uma metáfora, à laia das pancadas de Molière, para dizer da importância do D. Pedro V na ferrovia e da sua prematura morte logo ao "bater das pancadas", pois o funeral deu-se em Lisboa e ainda não havia na cidade outras linhas.
















sábado, 13 de agosto de 2016

Carta Aberta

A Academia Itinerarium XIV dirigiu-se no passado dia 11 de Agosto ao edifício dos Paços do Concelho, em Almeirim, onde entregou aos elementos do executivo municipal uma segunda carta aberta (reproduzida abaixo) onde firmou as preocupações com o estado de conservação do Paço Real da Ribeira de Muge, já descritas na missiva entregue há um ano atrás, e à qual nunca obteve resposta. Entregamos a carta em mão à Vereadora Maria Emília Moreira, deixando no secretariado para os demais membros do executivo, que não se encontravam presentes. 



Com efeito, o Paço Real da Ribeira de Muge, berço da aldeia de Paço dos Negros (freguesia de Fazendas de Almeirim), é o último vestígio edificado que atesta a presença da Corte no séc. XVI no concelho de Almeirim. Sendo propriedade do município, é de todo pertinente que a edilidade tome em mãos a responsabilidade de evitar que o espaço se degrade mais do que aquilo que nos chegou, uma vez que, sendo estruturas centenárias, necessitam de manutenção para garantir a sua preservação. 
Seguem em anexo duas fotos do estado de degradação do paço, assim como o link para o blog da academia, onde se poderão encontrar mais fotos: 

No final da carta, a academia compromete-se a continuar a valorizar o Paço Real da Ribeira de Muge, não só dinamizando o mesmo, mas preservando a sua história e a sua memória. Dando lugar a este pressuposto, a academia não deixa de registar que este ano se completam 90 anos da publicação d' "O Paço dos Negros da Ribeira de Muge e os seus Almoxarifes", o primeiro estudo monográfico sobre este local, da autoria de Frazão de Vasconcellos. Até ao final do ano, a Academia Itinerarium XIV dará lugar à evocação desta efeméride. 


2.ª Carta Aberta ao Executivo da Câmara Municipal de Almeirim

Sobre a Conservação do Paço Real da Ribeira de Muge


Paço dos Negros, 11 de agosto de 2016

Exmo. Sr. Presidente e Exmos. Srs. Vereadores,

A Academia Itinerarium XIV no dia 10 de agosto de 2015 entregou aos membros do executivo municipal uma carta aberta, onde expressava as suas preocupações com o estado de conservação do Paço Real da Ribeira de Muge, dando algumas possíveis linhas de conservação preventiva que podem ser seguidas, advenientes da formação académica e profissional de alguns dos elementos da Academia.

Infelizmente, da parte do executivo municipal, não mereceu a Academia qualquer resposta dando conta da sua intenção, ou não, de proceder de acordo com o sugerido na carta aberta, ou sequer acusando a receção da mesma. Lamentamos que este assunto apenas uma vez, a fazer fé nas atas, tenha sido levado a reunião de câmara, reconhecendo contudo que este tenha sido trazido por um vereador que, ainda que não tenha pelouros atribuídos, manifestou sensibilidade para o mesmo.

Verificamos que durante o inverno foram feitas pequenas intervenções no portal, nomeadamente a limpeza da flora, confirme sugeríamos. Esperamos que esta intervenção tenha sido feita com respeito pela integridade da estrutura e com conhecimentos técnicos adequados, ao contrário de outras intervenções que foram feitas no passado (nomeadamente na capela). Contudo, verificamos que os problemas que enunciámos continuam por resolver no geral. O portal continua com o reboco descarnado, tanto na parede como nos merlões, que importa consolidar. Isto apenas no portal, pois não pretendemos repetir tudo aquilo que escrevemos há um ano atrás, uma vez que os fatores de degradação continuam ser os mesmos, apenas se acentuaram!

Colocaremos no nosso blog e na nossa página do facebook (links no final da carta) um conjunto imagens que materializam as nossas preocupações e evidenciam o estado em que o Paço Real da Ribeira de Muge se encontra.

Reconheça-se que o Paço Real da Ribeira de Muge é efetivamente a última edificação que testemunha a presença da corte no séc. XVI no nosso concelho. A capacidade de intervenção e de valorização futura depende das atitudes de hoje.

Reiteramos a nossa total disponibilidade para, juntamente com a autarquia, constituirmos um grupo de trabalho que permita, em tempo útil, pelo menos a preservação do muito que ainda resta do nosso Paço Real da Ribeira de Muge. Sugerimos o agendamento de uma visita de trabalho que permita elencar estratégia e procedimentos visando o proposto.

Pela nossa parte, continuaremos a fazer aquilo que conseguirmos, com os nossos limitados recursos: valorizar o Paço Real da Ribeira de Muge.
O Secretariado da Academia Itinerarium XIV

Aquilino Manuel Pratas Fidalgo
Lucília Ferreira Cipriano Evangelista
Manuel da Conceição Evangelista
Maria Nélia Silva Castelo dos Reis
Samuel José Rodrigues Tomé




Esta carta será entregue individualmente a cada um dos membros do executivo municipal, e será dado conhecimento aos Grupos Municipais, ao Sr. Presidente da Assembleia Municipal, ao Executivo da Junta de Freguesia de Fazendas de Almeirim, Assembleia de Freguesia de Fazendas de Almeirim, Imprensa, rede de contactos da academia e publicação do blog da Academia Itinerarium XIV.

terça-feira, 24 de maio de 2016

Personalidades institucionais presentes no Colóquio “Sobre a Realidade dos Moinhos de Vento Portugueses”.

Foram várias as personalidades que se associaram ao Colóquio “Sobre a Realidade dos Moinhos de Vento Portugueses”, marcando presença a nível institucional, desde órgãos autárquicos, a associações e entidades oficiais. Segue abaixo a listagem dos presentes nestas condições, por ordem alfabética:

  • Alberto Santos, Alenculta – Associação Cultural de Alenquer
  • Anabela Silva, Secretária do Executivo da Junta de Freguesia da Raposa
  • António Cruz Martins, Deputado Municipal da Assembleia Municipal de Almeirim
  • António José Dionísio, Tesoureiro da Junta de Freguesia da Raposa
  • António Nabais, Associação Portuguesa de Museologia
  • Cristina Casmiro, Presidente da Junta de Freguesia da Raposa
  • Eurico Henriques, Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Almeirim
  • Fernando Oliveira, Vereador da Cultura da Câmara Municipal da Lourinhã
  • João Duarte Carvalho, Presidente da Câmara Municipal da Lourinhã
  • José Carlos Ramalho, Real Associação do Ribatejo
  • Julieta Coimbra, Real Associação do Ribatejo
  • Maria Emília Moreira, Vereadora da Câmara Municipal de Almeirim
  • Maria Ramalho, Presidente do Conselho de Administração do ICOMOS Portugal
  • Pedro Oliveira Inácio, Museu da Água
  • Raquel Raposo, Alenculta – Associação Cultural de Alenquer
  • Roberto Caneira, Associação para a Defesa do Património Etnográfico e Cultural da Glória do Ribatejo
  • Sónia Colaço, Vereadora da Câmara Municipal de Almeirim

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Colóquio, programa completo

A Academia Itinerarium XIV da Ribeira de Muge, juntamente com a Junta de Freguesia da Raposa, irá promover no próximo dia 21 de maio, a partir das 14.30h, um colóquio “Sobre a Realidade dos Moinhos de Vento Portugueses”. Este evento, que terá lugar num antigo moinho de água que hoje é a Casa da Cultura da Raposa (na aldeia da Raposa – Almeirim), tem como um dos objetivos trazer a um lugar onde predominaram os moinhos de água a outra face da atividade moageira. Terá o seguinte programa:

14.30 – Receção aos convidados e inscritos
15.00 – Sessão de Abertura
15.20 – Painel “Sobre a Realidade dos Moinhos de Vento Portugueses”, com a moderação de Maria Nélia Castelo. Intervenções:
– “Os Moinhos de Vento do Distrito de Aveiro”, por Armando Ferreira (investigador na área da molinologia e uma referência no estudo da molinologia em Portugal).
– “Moinhos com Novos Ventos”, por Fátima Nunes (moleira e mentora da candidatura dos moinhos de vento do Oeste a Património da Humanidade).
– “Moinhos de Vento da Região da Ribeira de Muge: o labor do vento em terra de moinhos de água”, por Samuel Rodrigues Tomé (investigador da área do património)
– “Metodologias Arqueológicas aplicadas ao Estudo dos Moinhos de Vento”, por Sílvia Casimiro e Rodrigo Garnelo Merayo (arqueólogos e coordenadores de uma escavação arqueológica num moinho de vento na Glória do Ribatejo)
16.40 – Debate
17.10 – Momento Cultural/musical


As inscrições podem ser feitas por formulário próprio (disponível no blog da Academia Itinerarium XIV), ou para o email academia.xiv@gmail.com e ainda o telefone  243 566 166 (sede da Junta de Freguesia da Raposa).

terça-feira, 10 de maio de 2016

Colóquio sobre moinhos

Numa ribeira cheia de moinhos, desde pelo menos o século xv, um colóquio sobre moinhos.
Termina com um momento musical, surpresa. 


quinta-feira, 5 de maio de 2016

Recordando o Dia da Espiga

Em dia de chuva, para quem não vai poder ir apanhar e espiga, neste Dia da Espiga, feriado no concelho de Almeirim, pode alegrar-se com esta canção aqui recolhida, que retrata bem a alegria espontânea quando as pessoas saíam todas para os campos, comer, beber e conviver, e claro, "apanhar a espiga". Dizem, e diz a canção, que era neste dia que as criadas contavam a verdade às patroas.

Clique para ouvir


terça-feira, 12 de abril de 2016

Dia dos moinhos Abertos 2016

Descerramento do Cartaz Oficial dos Moinhos Abertos 2016

A cerimónia de Abertura contou com a presença da Sr.ª Vereadora Sónia Colaço e do Sr. Deputado Municipal António Cruz Martins, que aqui pousaram connosco para a foto. 

Iniciativa nacional, em que a Academia Itinerarium XIV participa pela terceira vez, contou este ano com um total 55 visitantes ao Moinho do Fidalgo (Paço dos Negros - Almeirim), apesar das condições adversas do tempo. Aqui esteve patente durante o fim-de-semana a exposição temática “Cereais da Ribeira de Muge: do canteiro à mesa”, que mostrava o percurso do cereal, desde que é cultivado, passando pela sua transformação no moinho, até às confeções gastronómicas.

Já no domingo tivemos uma tertúlia designada “Conversas no moinho com… Sónia Colaço, sobre «A Valorização do Património Ambiental Ribeirinho»”. Foi sem dúvida um momento apreciado pela plateia, em que todos os presentes aprenderam e interiorizaram um pouco mais a necessidade da valorização ambiental dos cursos de água, ao nível da flora, fauna e do seu papel não só no ambiente como também na sua integração no dia-a-dia de todos nós, e o quão importante e fonte de riqueza podem ser os recursos aquíferos.
Tertúlia com Sónia Colaço sobre a valorização do património ambiental ribeirinho. 

Além disto, há ainda a salientar o anúncio feito na cerimónia de abertura de um colóquio a decorrer no próximo dia 21 de maio, na Casa da Cultura da Raposa, em parceria com a Junta de Freguesia daquela localidade. Este colóquio irá incidir sobre os moinhos de vento, tendo como um dos objetivos trazer a esta zona uma realidade diferente daquela que conhecemos. O painel de oradores será constituído por um conjunto de personalidades com um percurso de investigação notável na área da molinologia e da arqueologia. Será sem dúvida um evento que marcará a forma de estar na cultura do concelho, e será um potenciador do turismo cultural. Já estão disponíveis algumas informações aqui no blog da academia sobre este colóquio, assim como um botão de acesso a um formulário para inscrição no mesmo aqui ao lado.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

NOVE DE ABRIL MEU AMOR - BATALHA DE LA LYS

Perfaz amanhã, nove de Abril, 98 anos que se deu a famosa batalha de LA LYS. A nossa admiração e homenagem aos corajosos soldados portugueses. 

 Manuel António-Paço dos Negros, um dos muitos expedicionários em França.

“Verso” decerto criado, in loco, no próprio dia 9 de Abril de 1918, dia da Batalha de La Lys, retrata bem o desânimo, mas também a coragem de um soldado (que desconhecemos o nome). Foi-nos deixado por Francisco Maria, de Paço dos Negros, em manuscrito. Cedido por seu neto Samuel Tomé. (O mote é nosso, pois que está implícito nas décimas).


NOVE DE ABRIL MEU AMOR - BATALHA DE LA LYS

[Ao escrever-te estas linhas
Só chora o meu coração
Porque as palavras são minhas
Somente as letras não são.]

Nove de Abril, meu amor
Triste data em que ditei
A carta que te mandei;
Ó [minha] adorada flor
Descanso da minha dor
Fatalidades daninhas
Não pensas nem adivinhas
Quanto eu sofro minha querida
Estou entre a morte e a vida
Ao escrever-te estas linhas.

Numa horrorosa batalha
Após um grande cansaço
Fui ferido e perdi um braço
Numa chuva de metralhadora
Foi-se nossa esperança;
Falha, ou acaso maldição
Pois já por minha mão
[Era] para te [pedir] em casamento
Do meu triste sofrimento
Só chora o meu coração.

Olha leva a minha mãe
Muitos beijos e carícias
Diz que de mim tens notícias
Que estou vivo e estou bem;
Depois engana também
Minhas pobres irmãzinhas
Inocentes coitadinhas;
O sentir-te como tu te sentes
Diz-lhe [que] não és tu que mentes
Porque as palavras são minhas.

Enquanto a minha [alma] desvanece
Arranja um namorado
Que um pobre mutilado
Futuro algum te oferece;
Todo o nosso amor esquece
Fica para mim a paixão
Guarda para recordação
Esta última cartinha
Junto às outras, porque é minha,
Somente as letras não são.

Do livro Romanceiro da Ribeira de Muge.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Convite

Com a devida vénia, ao Diário Digital, da parte do moinho do Fidalgo, Paço dos Negros, Almeirim, aqui vai o nosso CONVITE, para as comemorações do Dia Nacional dos Moinhos Abertos:
A Academia Itinerarium XIV tem o prazer de convidar V. Ex. para a Sessão de Abertura do Dia dos Moinhos Abertos, no próximo dia 9 de abril, às 15.00, no Moinho do Fidalgo (complexo do Paço Real da Ribeira de Muge - Paço dos Negros - Almeirim).
Nesta sessão será descerrado o Cartaz Oficial dos Moinhos Abertos 2016, assim como inaugurada a exposição temática "Cereais da Ribeira de Muge: do Canteiro à Mesa". 
De igual modo, estende-se o convite às "Conversas no moinho com.... Sónia Colaço, sobre «A valorização do Património Ambiental Ribeirinho»", que terá lugar no domingo, dia 10 de abril, às 16.00.

A Academia Itinerarium XIV vai participar nesta grande iniciativa deste fim-de-semana! Já estamos com o turbo do "modo moinhos" ligado!
O Dia Nacional dos Moinhos comemora-se com os “Moinhos Abertos” na quinta-feira e no fim de semana, quando mais de 300 destes espaços em todo o país…
DIARIODIGITAL.SAPO.PT

segunda-feira, 28 de março de 2016

Dia dos moinhos abertos

Programa do Dia dos Moinhos Abertos 2016 no Moinho do Fidalgo (Paço dos Negros – Almeirim)

 

A Academia Itinerarium XIV da Ribeira de Muge vem pelo presente meio anunciar a programação do Dia dos Moinhos Abertos 2016, a desenvolver no Moinho do Fidalgo, em Paço dos Negros (Almeirim), nos próximos dias 9 e 10 de abril de 2016, das 15.00h às 18.00h. Sendo dos poucos engenhos a nível nacional, senão mesmo o único, que participa nesta iniciativa e não está funcional, e não sendo possível coloca-lo a trabalhar, haverá uma programação de atividades a desenvolver, por via a dinamizar este engenho centenário. A saber: 

  • Sessão de abertura, no sábado dia 9, às 15.00h, com o descerramento do Cartaz Oficial dos Moinhos Abertos 2016.

  • Exposição “Cereais da Ribeira de Muge – do Canteiro à Mesa”, integrada no tema anual da academia – A Cultura Popular. Aqui pretende-se mostrar todo o caminho dos cereais, nas suas três fases fundamentais: a produção agrícola, a transformação do cereal no moinho e a sua utilização na gastronomia local. A exposição versará não só objetos, como também fotografias. Esta irá estar acessível no período de abertura do moinho, referido acima. 

  • No domingo, dia 10 de abril, às 16.00h haverá no moinho uma sessão de “Conversas no Moinho com… Sónia Colaço, sobre A Valorização do Património Ambiental”. Sónia Colaço, bióloga formada pela Universidade de Aveiro, irá trazer ao Moinho do Fidalgo uma conversa ligada à temática da proteção e conservação da natureza.

O Dia dos Moinhos Abertos é uma iniciativa de âmbito nacional, que conta em 2016 com a sua 10.ª edição. É promovida pela Rede Portuguesa de Moinhos, e desenrola-se no fim-de-semana mais próximo ao Dia Nacional dos Moinhos (7 de abril). Tem como principal objetivo colocar abertos e visitáveis o maior número de engenhos no mesmo dia em todo o país. 

A Academia Itinerarium XIV participa nesta iniciativa pelo terceiro ano consecutivo, com o Moinho do Fidalgo, localizado no complexo do Paço Real da Ribeira de Muge. Este moinho, cuja data de construção exata desconhecemos, mas que terá cerca de cem anos, é um dos poucos da Ribeira de Muge que não se encontra totalmente abandonado, tendo sido palco de alguns eventos da academia além deste dia.



quinta-feira, 24 de março de 2016

Recordações de Quinta-feira-santa

AS BRINCADEIRAS

A Festa e o Sagrado de Transgressão

Dependentes de uma agricultura cujos métodos de exploração eram rudimentares, a mourejar do sol-fora ao sol-posto, as pessoas na aldeia vivem muito ligadas à Natureza. Existia uma sacralidade cósmica na relação das pessoas com a Natureza. A própria festa em comunidade rural, onde a agricultura de subsistência convive com o pequeno assalariato agrícola, por vezes sendo estas categorias assumidas pela mesma pessoa, decorre em função dos tempos sociais e do calendário religioso.
As Brincadeiras, ajuntamento anual, desfile de cultura popular, aparentando ser um mero encontro profano, mais não era que a criação, o reconhecimento de um tempo e um espaço diferenciados. O espaço temporal em que decorrem os festejos torna-se, para o povo, um espaço inscrito no tempo, tempo que é um tempo cíclico, inviolável, que aguardam ano após ano. O espaço físico sendo um espaço secular é para estas multidões rumorosas e festivas ocupado como um espaço simbólico sagrado. Povo habituado ao sofrimento, quando não à fome, sendo dois meios-dias de jejum, não há lugar sequer para a comida e a bebida, muito menos os seus excessos. Era assim criado um tempo e um espaço fortes em que as cantigas e os jogos campestres são claramente os elementos aglutinadores do grupo social que é a aldeia.
São pois estes rituais festivos campos de significação pelos quais a aldeia se comunica e se relaciona. O tempo da festa é vivido como um tempo mítico, o regresso a um passado primordial e imaginário, como que uma evocação e imitação de todos os que os precederam, rompem com as preocupações da vida quotidiana. As recordações de festas passadas e a expectativa das que hão-de vir, são memória e desejo, no qual as pessoas se sentem felizes.

Cantava-se e brincava-se sem parar. Um dos jogos era A Biloa.
Um grupo jovens, raparigas e rapazes, normalmente eram duas raparigas com as mãos agarradas fazem um arco. O restante grupo, em fila, agarrados pelos ombros, com a mãe à frente, vão passando, sucessivamente, por baixo do arco, enquanto cantam. Ao chegarem junto do arco, imploram, cantando:

Eu peço ao senhor barqueiro
Se me deixava passar
Tenho filhos pequeninos
Não os posso sustentar.

As duas raparigas que fazem de barqueiro, respondem enquanto a fila vai passando:

Passará não passará
Mas algum cá deixará
Se não for a mãe da frente
Há-de ser o filho de trás.

Perguntam, em segredo, ao último da fila, que impedem de passar: queres o sol ou queres a lua? Ou: queres a laranja ou o limão?, etc. Consoante a escolha, vão-se colocando, ora de um lado, ora do outro.
No final os cada grupo, agarrados, fazem o jogo da corda queimada. Ganha o grupo que conseguir arrastar o outro.

segunda-feira, 14 de março de 2016

A Ribeira de Muge no Dia dos Moinhos Abertos

Academia Itinerarium XIV adere ao Dia dos Moinhos Abertos
A Academia Itinerarium XIV da Ribeira de Muge, na senda 
da valorização do património local do eixo Raposa-Paço 
dos Negros-Marianos (Almeirim), nas suas mais variadas 
vertentes, procedeu pelo terceiro ano consecutivo à 
inscrição do Moinho do Fidalgo no Dia dos Moinhos Abertos. Esta é uma iniciativa nacional, promovida pela Rede 
Portuguesa de Moinhos, e que em 2016 assinala o seu 
10.º ano consecutivo. 
Em 2015 foram 327 os engenhos que estiveram abertos 
para esta atividade, tendo sido o Moinho do Fidalgo o único participante da parte sul do distrito de Santarém.
A programação será divulgada oportunamente, sendo 
enquadrada no tema definido para 2016: o Ano da Cultura Popular. Para já, segue o cartaz nacional desta iniciativa.
Nota ainda que o Relatório de Atividades de 2015 da 
Academia Itinerarium XIV, foi aprovado em reunião de 13 
de março, relativo ao desempenho prestado por 
esta entidade ao longo do ano passado, nas suas mais 
variadas iniciativas.

Nota: Com a devida vénia ao blog de Samuel Tomé.