terça-feira, 29 de março de 2011

Academia - Convívio - fotos

Enquanto não estão prontos os vídeos do dia 27, vai umas fotografias do convívio que se seguiu à mostra de cultura popular à beira da Ribeira de Muge:

Os cantores: Gustavo e Maria de Jesus

Zezinha e Aquilino

segunda-feira, 28 de março de 2011

As BRINCADEIRAS

As Brincadeiras - A Festa e o Sagrado de Transgressão. Trata-se da recreação de uns folguedos que aconteciam em Paço dos Negros nos meios-dias santos.

As Brincadeiras, ajuntamento anual, desfile de cultura popular, aparentando ser um mero encontro profano, mais não é que a criação, o reconhecimento de um tempo e um espaço diferenciados. O espaço temporal em que decorrem os festejos torna-se, para o povo, um espaço inscrito no tempo, tempo que é um tempo cíclico, inviolável, que aguardam ano após ano. O espaço físico sendo um espaço secular é para estas multidões rumorosas e festivas ocupado como um espaço simbólico sagrado. Povo habituado ao sofrimento, quando não à fome, sendo dois meios-dias de jejum, que cumprem a rigor, não há lugar sequer para a comida e a bebida, muito menos os seus excessos. É assim criado um tempo e um espaço fortes em que as cantigas e os jogos campestres são claramente os elementos aglutinadores do grupo social que é a aldeia. Nestes descantes, jogos e brincadeiras em dia de Quinta-feira Santa é, contudo, notória uma inter-relação entre o lúdico, o profano e o sagrado. Há como que um ritual profano mas que se confunde com o religioso em que, o mito, para toda a população, está presente nos gestos ciclicamente repetidos. Nestes rituais profanos, que aconteciam em dias de grande densidade religiosa, havia como que uma estruturação de um tempo primordial que era actualizado anualmente nestes folguedos. A participação no evento era de tal modo vivida que o sentimento existente era quase trans-humano. À falta de meios materiais, o excesso próprio da festa era posto no único bem de que podiam usufruir: as cantigas, os jogos e toda a alegria que era intrínseca à sua condições de almas simples: – Na Quinta e na Sexta-feira santas, íamos do trabalho para as Brincadeiras e das Brincadeiras para o trabalho, sem comer e nem fome tínhamos. A sacralização de um tempo concreto O meio-dia era a hora sagrada, a partir da qual todas as actividades profanas estavam interditas. Tal como em Quinta-feira de Ascensão, era uma hora o meio-dia que nem os passarinhos iam ao ninho. Nos preparativos dos Meios-Dias-Santos, como que numa aplicação do Sabat, as pessoas atarefavam-se na manhã de Quinta-feira para deixar tudo em ordem, pois lhes era vedado, além de comer carne, o exercício de qualquer actividade laboral entre o meio dia de Quinta e até ao meio-dia de Sexta-feira Santa.

Ficou desse tempo esta memória em que o profano se confundia com o sagrado, que dia 10 de Abril a Academia vai reviver, recreando mais de tres dezenas de canções e jogos populares.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Trajes da Academia da ribeira de Muge - Os safões

Estranho é que hoje, mesmo os que nesta região se dizem preservadores e divulgadores da cultura popular, não dêem o devido valor ao que de melhor e mais representativo têm e de que qualquer povo, consciente, se  pode orgulhar. E na zona da ribeira de Muge, zona de transição com o Alemtejo, muito usada foi esta vestimenta:

os safões.

Eis o que nos diz Madalena Braz Teixeira: «... feitos de peles de animais. A cobertura de peles, de raiz pré-histórica, permanece no traje do pastor da Serra da Estrela e nos pelicos e safões alentejanos. Ambas a indumentárias são masculinas e correspondem ao acto nómada do homem, acompanhando a transumância dos animais. Facto que, hoje em dia, continua a acontecer, através da condução dos rebanhos das planícies para as terras mais altas. Estas peças constituem as formas mais primitivas e arcaicas do traje regional, tendo as suas origens no Paleolítico».


Cedidos à Academia por Maria Odete Baptista do Arneiro da Volta


quinta-feira, 10 de março de 2011

Uma mulher da Ribeira de Muge

NÃO ERRAREI SE DISSER QUE É, NESTE MOMENTO, DEPOIS DOS 80, A MULHER QUE, NO NOSSO PAÍS, EM MEMÓRIA, MAIS GUARDA E SABE DE CULTURA POPULAR ANCESTRAL GENUÍNA. DIREI QUE É O ÚLTIMO ELO DA CADEIA QUE VINHA DESDE TEMPOS IMEMORIAIS.
JESUÍNA VITÓRIA.





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sexta-feira, 4 de março de 2011

terça-feira, 1 de março de 2011

Casares da Ribeira de Muge - Ó-cu-ri-có-cu

Dos mais de 20 Casares recolhidos em Paço dos Negros e em Marianos, brincámos, (a Academia), no dia 20, com meia dúzia deles. Uma caraceterística atravessa grande parte deles: São músicas, cantigas e modas, que por vezes dançavam, mas às quais anulam o refrão, de modo a adaptar a cantiga ao local, o canteiro de arroz, e à função, dando-lhe novas letras, nomear todas as mulheres sem perder muito tempo.
Esta parece bem rude, aos olhos de quem não conhece a simplicidade com que as mulheres da ribeira de Muge viam a vida.
Ó-cu-ri-có-cu