sábado, 25 de dezembro de 2010

Maria Trindade da Silva

Maria Trindade da Silva, 1923-2010

Fechou-se uma biblioteca em Marianos.

Obrigado Maria da Silva, por ter franqueado "a porta da sua biblioteca" a este pobre escrevinhador.

Descanse em Paz.


Pelo significado dos versículos seguintes, que Maria da Silva, iletrada, nos cantou, o tema deste romance remontará ao longínquo século XII, ao tempo das cruzadas à Terra Santa. Atentemos:


– Dizei-me vós capitão, com a sua formosa armada,

Se viste o meu marido, em terra que Deus pisava.

– Andam tantos cavaleiros, naquela terra sagrada…





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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Paço dos Negros e a sua Academia


À CONSIDERAÇÃO DOS MEMBROS DA ACADEMIA E POPULAÇÃO EM GERAL

Dada uma certa desinformação, derivada de um certo caciquismo que impera nesta terra (Paço dos Negros) e neste concelho (Almeirim), e que vive à custa de uma certa ignorância cultural (e do orçamento), impõe-se um esclarecimento:

Porque nasceu a Academia da Ribeira de Muge?

A Academia, aberta às populações vizinhas, nasceu de uma necessidade de preservar a cultura da Ribeira de Muge. Toda a cultura, em todas as suas vertentes, e da não-resposta dada pelas associações culturais existentes, mormente em Paço dos Negros.

Finalidades da Academia da Ribeira de Muge.

Dado o atraso temporal com que o troço médio deste vale da Ribeira de Muge teve acesso a contactos externos mais intensos, manteve e pode exibir hoje, ainda, esta região, uma cultura com traços característicos muito próprios, mormente dos negros que aqui habitaram. São estas especificidades que a Academia recolheu, subindo ao povo, como nos diz o grande Pedro Homem de Melo, recolhe, estuda e quer apresentar. Quer apresentar, mas não de qualquer maneira. Com demasiados vícios, o folclore, resultantes de um passado próximo nem sempre dignificante, toda a peça que a Academia apresente tem de passar pelo crivo científico. Só assim se pode elevar e dignificar a nossa cultura. Não só dignificar, mas sublimar a cultura que os nossos mais velhos criaram.

Cada exibição deve ter por finalidade tornar presente e actual (como que tornar sagrado), um determinado momento passado da cultura dos nossos antepassados.

Cada elemento deve saber dar as razões da cultura que carrega aos ombros, aos vários níveis: musical, de poesia popular, de danças, de trajes.

Cada elemento deve dignificar o significado da palavra folclore (toda a cultura popular) que, em Portugal tem hoje uma carga negativa e achincalhante, é associada a coisa de pouco préstimo, de coisa mais ou menos improvisada, mais ou menos fantasista, mais ou menos “folclórica”.

Um membro desta Academia não deve achar correcto, por exemplo, que se envergue mais o traje regional, em dia de Carnaval. O traje, tal como as danças e as melodias, devem ser genuínos, e devem ser um símbolo da nossa cultura, a alma daquilo que somos como pessoas e como comunidade. O traje deve ser respeitado e usado, com orgulho, nos dias de maior lustre para a comunidade: Uma inauguração, uma homenagem, um dia de festa, uma visita de figura ilustre, etc. Só assim, conhecendo e usando o passado para construir um futuro de progresso, valerá a pena metermo-nos nesta aventura.

(clique para ouvir)(solista Jesuína Mendes)




domingo, 12 de dezembro de 2010

Academia da Ribeira de Muge - Folclore genuíno

Paço dos Negros orgulha-se de ter guardado das suas raizes culturais, quiçá do século XVI, o seu ex-libris, esta "Dança do Fidalgo", genuína, uma pérola que, segundo opiniões avalizadas, pode competir a nível mundial, com outras danças folclóricas e étnicas.


(Interpretação: Jerónimo Baptista)
(clique para ouvir)

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Concerto de Natal

Um pequeno excerto do concerto de Natal de ontem, 8-12,no Paço Real, inserido nas comemorações dos 500 anos do Paço Real da Ribeira de Muge.


Uma peça, das recolhas na Ribeira de Muge,  ali cantada:

(Clique para ouvir)

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Pobre povo

Porque se aplica mais que a nenhum lado "deste país",  ao caciquismo e lambe-botismo reinantes no concelho de Almeirim, merece ocupar este espaço. Pela primeira vez documento alheio. Com a devida vénia.




quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Eu tive um sonho

“I have a dream”

Eu tive um sonho. Tive um sonho de que as entidades que superintendem sobre o Paço Real da Ribeira de Muge tinham decidido deixar de colaborar na sua degradação.
Sonhei que fora restaurada a harmonia e o pitoresco do local;
Sonhei que todo o complexo fora reabilitado;
Sonhei que os políticos concelhios têm uma visão de futuro, do interesse público, e não de compadrio;
Sonhei que foram feitas escavações sérias, no sentido de se vir a conhecer toda a cronologia histórica daquele local;
Sonhei que a azenha está a trabalhar, integrada num projecto turístico de qualidade;
Sonhei que fora construído um parque de merendas, onde se erguem os sombreiros característicos das palhotas dos negros;
Sonhei que o pomar real do século XVI fora resgatado e é agora um belo e frondoso jardim. Os seniores da Associação Manuel Cipriano, e turistas, ali passeiam, nas suas alamedas, por entre plantas e árvores da época;
Sonhei que a ribeira, em frente ao Paço, é agora um bonito lençol de água onde, no Verão, aos fins-de-semana, se passeiam pequenos barcos cheios de visitantes e turistas;
Sonhei que a capela voltara a ser uma obra de arte, dedicada ao seu patrono, S. João Baptista. Integrada num projecto integral turístico de qualidade, ali se voltaram a realizar alguns casamentos;


Sonhei que o povo de Paço dos Negros havia começado a entender e a ter orgulho na história e na cultura da sua terra, e o potencial turístico que tem o seu património edificado, histórico e cultural;
Sonhei que os políticos cumprem o seu dever e já não usam o povo para, na aldeia, de cima do palanque, distribuírem cheques e campos de relva sintética.
Eu tenho um sonho.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

sábado, 16 de outubro de 2010

A ALMA E A GENTE - FORA DA REALIDADE

Acabei de ver o programa do Prof. José Hermano Saraiva sobre Almeirim e pareceu-me muito fantasista, fora da realidade que é Almeirim, hoje. pareceu-me até o Professor pouco convencido, quando fazia certas afirmações.

À excepção da parte em que falou da Marquesa de Alorna, todo ele pecou por excesso de gabarolice. Teria sido o Professor mal informado?

Disse que Almeirim era terra de muitas e amplas avenidas. Talvez seja defeito meu, mas eu só conheço uma e de uns escassos 500 m. A D. João I. E quanto a amplidão... numa ponta acaba numa ruela, na outra tem uma rotundinha.

Que Almeirim (e falava da grande produtora do melão de Almeirim), produz melão aos milhões. Todos sabemos que não é verdade. Consta até que aquele melão branco que mostraram, é produzido na sua maioria em Vila Franca e mesmo na vizinha Alpiarça. Que melão de Almeirim não se produz, hoje, um único exemplar em Almeirim. Que houve há anos um grande investimento para recuperar esta espécie, mas que caíra novamente no esquecimento.

A imagem não mostrou realmente um único melão esverdeado de Almeirim.

Que Almeirim tem a maior adega da península ibérica. Apenas não sei se será verdade. Mas a julgar pelo vinho que por aí se vê...

Já aquela história da sopa de pedra, do frade que deixou de o ser e passou a ser um romeiro que ia de viagem, que fez uma sopa e deixou a semente dos melões, não lembrava ao careca. Lá se vai o frade embusteiro.

Quem é que tem medo da memória e do nome da dona Mariana? A verdadeira inventora da sopa da pedra.

Adoro (ava) os programas do Professor, mas agora quando vir os seus programas, a julgar por este, passarei a estar de pé atrás.

Já agora porque é que esconderam o Paço Real da Ribeira de Muge? É um paço quinhentista, faz os 500 anos a 3 de Maio próximo. Sempre podiam mostrar as barbaridades que lhe estão fazendo, dentro do pátio e a toda a volta. É uma grande figura da cultura, merecia ver este monumento. O único no concelho que canta as glórias de quinhentos. Tiveram vergonha? Já não é mau. estão no bom caminho.

Assim com estes embustes não vamos lá.


Aterro em cima do Paço e dentro do Pomar real, Com estaleiro de obras a fazer rachas na parede.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Manuel Maria Cipriano e Jesuína Fidalgo Rosa PESSOAS DE BEM

Foi hoje, 27-9-2010, efectuado o registo notarial da Associação de Solidariedade Social Manuel Maria Cipriano, Paço dos Negros.

Jesuína Fidalgo Rosa e Manuel Maria Cipriano, pessoas de fé e de bem, como já se não encontra facilmente, ofereceram todos os seus bens para esta Associação.

Dizia o Benemérito, no acto da Escritura: Não tenho filhos…

Pois lhes digo eu: Têm, a partir de agora, em Paço dos Negros, 1324* filhos, pelo menos, que são tantos os habitantes de Paço dos Negros.


* Fonte INE.


Os beneméritos: Jesuína Fidalgo Rosa e  Manuel Maria Cipriano.
Foto da capa do livro de sua autoria: Uma Viagem pelo Paraíso Natural da Ribeira de Muge.


domingo, 26 de setembro de 2010

FOLCLORE e folclorice



Parafraseando Mário Saa a propósito de uma outra ciência, a arqueologia:

...os preconceitos “folclóricos” quando este tema desabrochava para a ciência, mais não fizeram que um acumular de erros que não é fácil hoje desfazer.

Vem isto a propósito do meritório trabalho do Rancho Folclórico de Benfica do Ribatejo, o qual ontem tivemos o ensejo de apreciar no Cine-Teatro de Almeirim.

Pareceu-nos que está este Rancho com vontade de empreender um novo conceito de cultura popular, a devolver à palavra Folclore o seu genuíno significado: Cultura do povo. A retirar-lhe a carga negativa e aviltante, de coisa mais ou menos improvisada, mais ou menos fantasista, mais ou menos irreal, que em Portugal passou a aplicar-se também a pessoas cujos actos têm estas características, que um pseudo folclore, sem se firmar nas raízes, mais ou menos circense, que por aí pulula, tem permitido que degenerasse.

Trabalho artístico que, repito, tem mérito, contudo, porque baseando-se em filmes, jóias raras é certo, de meados do século xx, pode enfermar por, talvez, não reconhecer estes já atacados dessa doença da propaganda de um certo regime, que tem vitimado o nosso folclore como genuína expressão da cultura de um povo.

O que é genuíno, desde que bem representado, é bom. A prová-lo um momento bem conseguido, e aplaudido, que foi uma dança, talvez “à sesta”, apenas ao som de uma flauta.

O final do espectáculo, a apologia dessas fantasias que tiveram o seu tempo, foi a prova provada dessas influências perniciosas, culturais e políticas, que muitos designam de salazaristas, de que se não consegue a nossa cultura libertar.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Inaugurações e legitimidades




À parte as pequenas estórias, e rivalidades, que sempre acontecem nestas inaugurações nestas pequenas aldeias, manda a verdade que se reponha o rigor histórico no processo da construção da igreja e casa mortuária de Marianos, agora inauguradas com pompa e circunstância.

Eis a votação, em Assembleia de 6 de Setembro de 2008: (da INTERNET).

Total de Votantes 24: PS 14, restante Oposição 10.

Foi aprovada com 12 votos a favor:

CDU 6

PSD 3

CDS 1

2 DO PS QUE VOTARAM CONTRA A ORIENTAÇÃO DO PARTIDO.

(1 de Sílvia Bento e o voto de qualidade do Presidente da mesa Armindo Bento).

1 abstenção do PS.

11 PS votaram contra, isto é, todos os restantes membros da Assembleia.
Alguns deles os mesmos que ora se vangloriam desta inauguração.

Como se viu, foram os que no sábado, no campo da bola, pela obra feita, deitaram os foguetes, se auto-elogiaram, um verdadeiro panegírio, aliás penso que sem qualquer mérito seu, pois foi com o dinheiro de todos nós, a que não faltou a baba e o ranho habituais, foram os mesmos que votaram em Assembleia contra o apoio à sua construção.

Foi de tal modo o aproveitamento político e o outo-elogio, que no domingo ainda era notório a ressaca e o mal-estar nas caras dos ditos, e nos discursos sofridos e emocionados daqueles que realmente trabalharam e deram o seu tempo, o seu descanso, e porventura o seu dinheiro, que nestas coisas quem se mete nelas, tem sempre de dar, e se viram relegados.

Onde estavam os que permitiram a sua aprovação na Assembleia Municipal, tanto da Oposição, como os que votando decerto contra a indicação do partido: Armindo Bento, Sílvia Bento, pois foram eles que permitiram a aprovação. Não os vi lá. Não foram convidados?

Pessoal de Marianos, pareciam muito felizes, é certo, mas não lhes fica bem a ingratidão, e muito menos bater palmas a quem se aproveita da inciativa e trabalho dos outros.

Fica registado este caso para a história destas pequenas aldeias da Ribeira de Muge.

domingo, 12 de setembro de 2010

O discurso cultural em Almeirm

Agora no Verão é tempo propício para que os pseudo-agentes culturais passeiem a sua ignorância histórico-cultural, pelas aldeias de Portugal.
É isto que vamos vendo se passa no concelho de Almeirim. Eles, bem estribados no poder político, de que são fiéis acólitos, é vê-los de palanque em palanque, espalhando a mentira.
Se da política, embora saiba que conseguem fazer-se paladinos de obra para a qual até porventura votaram contra, nada me interessa.
Já nas questões da história e da cultura, com historiador e pesquisador da história e da cultura desta terra e região, é meu dever repôr a verdade nestes discursos feitos em conluio com os políticos para melhor enganarem o povo. Que, aliás, ignorante destas coisas, como eles, os aplaudem.

Copiam os discursos culturais manhosos dos políticos, e fazem afirmações como a de que o Paço da Ribeira de Muge, nunca foi um paço, antes foi como que um barracão de caça.
Remeto-os para a Carta-Escritura do mesmo, que tem a data de 3 de Maio de 1511.
Poderei mostrar-lhes pelo menos outros 100 documentos, originais da torre do Tombo, que falam neste Paço dos Negros da Ribeira de Muge, como um Paço real. Assim estivessem interessados em aprender alguma coisa.

Nem sei o que os leva a desvirtuar a realidade histórica e cultural desta terra. Afirmam agora, fruto dos seus delírios, que a Dança do Fidalgo, não pertence a Paço dos Negros, parece que a querem fazer pertencer a Fazendas de Almeirim, que não existia, esquecendo que a recolha fora feita nos anos 50 junto de Josué Guardiano de Paço dos Negros, e de sua filha, Gina, que ainda é viva. E de que a lei natural destas coisas da memória cultural, é a de a cultura ancestral permanecer viva nas aldeias mais reconditas, onde as populações viviam (vivem) mais longe de novas atracções, outros motivos de interesse, inovações, que as levam a esquecer e relegar estas coisas do passado como coisas sem interesse.

Pena é que os pseudo-agentes culturais de Paço dos Negros, amesandados que estão à mesa do orçamento, compactuem com estes dislates culturais. E que os políticos queiram este discurso no concelho que governam. E que os agentes culturais válidos, de Almeirim, e do concelho, que sabem destas mentiras culturais, como que se acobardem, à espera de um prato de lentilhas.

Certo é que estas mentiras, discursos não firmados na pesquisa e na verdade histórica,  prejudicam o progresso cultural de um povo. Para já não falar no facto de estarem reféns dos interesses e oportunidades dos políticos.
Tenho pena desta gente que assim age.

Texto integral da Carta-Escritura do Paço da Ribeira de Muge.


RETIRADO
Segue-se ainda mais heranças…






sexta-feira, 10 de setembro de 2010

ACADEMIA ITINERARIUM XIV DA RIBEIRA DE MUGE




Convidam-se todos os habitantes de Paço dos Negros, e todos os amigos desta Academia nascente, para a estreia absoluta do Coro da Academia, amanhã, 11, sábado, na igreja de Paço dos Negros.
Esta actuação é integrada na recepção ao Sr. Bispo de Santarém, no âmbito da visita pastoral, que ora decorre, após a missa das 18:30.
Serão apresentadas três peças do romanceiro medieval nacional, recolhidas em Paço dos Negros: O Bom Jesus d'Aurora, D. Inês e O Soldadinho.

domingo, 29 de agosto de 2010

Custódio Castelo em Almeirim

Memorável o concerto de Custódio Castelo, ontem, em Almeirim. Genial.


Com Cristina Branco em Almeirim, Ana Moura em Coruche, Custódio Castelo no Monte da Vinha, a meio caminho, é esta zona, hoje, uma das mais inspiradas para o fado.

Quando ele falou na taberna onde se cantava o fado, no Monte da Vinha, naquele paraíso natural, que o viu nascer, e que ele, criança, por lhe não ser permitido estar, se escondia a ouvir, veio-me logo à memória a taberna, e o ambiente, os quais estão nesta fotografia, da própria taberna.

Taberna do Monte da Vinha, anos 60

Falou no Joaquim Cego, que tocava acordeão. Está na foto. Era um artista. Pena que se tenham extraviado todas as cassetes em que ele gravava as coisas de sua autoria.

Escapou uma, que nos dá uma imagem daqueles serões de cantadoria de fado:

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Mulheres da Ribeira de Muge - Recordar é viver

Após mais de 40 anos que deixaram de cantar, duas mulheres recordaram os tempos em que se cantava no trabalho: fosse para esquecer a fome, os maus tratos, fosse para mostrar a msua felicidade, as suas aptidões para o canto, o certo é que se cantava todo o dia, e não era vergonha cantar.

Sem qualquer ensaio prévio, saiu este
desafio que poderia acontecer entre diferentes ranchos.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Marianos e Marianes

Conhecida na região é a “Lenda da barraca de pau” como dando origem ao nascimento do lugar de Marianos. Uma velha, feia e má (como convém), que era a dona de uma hospedaria de passantes que no antanho ali se albergavam, que se aproveitava da situação de isolamento, e da pernoita frequente dos ourives, para os roubar, por vezes matar, enterrando-os ali. Que existia um local onde nem as ervas nasciam.
Nas nossas investigações na Ribeira de Muge, aparece por vezes Marianos, a partir do início do século XVIII, em documentos os mais variados, como casamentos, baptizados, enterros na Paroquial de Raposa, por vezes na capela de S. João Baptista do Paço dos Negros.


(T Tombo microfilme 1506).



Guilherme Tiago do Couto, médico em Almeirim na primeira metade do século XIX, na sua "Breve Notícia de Almeirim", ao referir várias localidades a propósito dos montados do concelho, e numa sequência descendente, ao longo da ribeira, menciona: Marianos de Cima, Marianos de Baixo, Pêro Pez, Paço dos Negros, etc.

Em o mapa anexo, do século XVIII, Montarias de Santarém, contemplando uma e outra margem, aparecem duas Marianes na margem direita. Sequencialmente: Pêro Pez, Queimado, Marianes, Marianes, Almotolias, Mouta das Corvas, Vale Flores, etç.




É este Pero Pez, o Casal Moreira, como no-lo confirma o trecho do documento anexo, Torre do Tombo Santarém:



«Nota: Refere este documento pertencer Pero Pez à freguesia de Benfica. Um caso a investigar, este hiato temporal da freguesia de Raposa?»


UMA QUESTÃO: Dados os escassos 200/300 metros que vão de Casal Moreira (Pêro Pez) à actual Murta, ficando Marianos de Baixo e Marianos de Cima no meio, e vendo o mapa do século XVIII, seria esta Marianos de Cima a actual Murta, bem como o território até cerca das Palhas?

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Academia Itinerarium XIV - Ribeira de Muge


Convite

Esta Academia convida os habitantes de Paço dos Negros e também localidades vizinhas, a fazerem parte de uma das suas secções:  Folclore: canto e dança; Coro das mulheres da Ribeira de Muge, à capela ; Teatro; Pesquisas etnográficas; Museu.




Esperamos por todos os que sentem que têm algo a dar à sua terra e à sua cultura. Compareça à quartas-feiras, pelas 21 horas, no Paço Real da Ribeira de Muge.

Tira, um pequeno casal, junto a Marianos, que nos deu esta pérola.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

PDM - Paço dos Negros

Alguém me sabe dizer para que serve aquele círculo em volta do Paço?

Como foi passível pôr a igreja no cruzamento da rua Vale João Viegas com a do Paço?

Sem comentários.


Trecho PDM Paço dos Negros - Almeirim

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Cultura ancestral

Do concelho de Almeirim é talvez Paço dos Negros a única que conseguiu conservar vivo, algo das suas mais fundas raízes.
Local isolado, privilégio de reis e cortesãos no século 16,  manteve a memória das pavanas, das galhardas e das mouriscas, com que na Sintra de Inverno se desenfadavam.

Deana Barroqueiro, magistralmente, dá-nos uma visão desses folguedos no tempo de D. Sebastião e de sua avó a rainha D. Catarina. (Leia D. Sebastião e o Vidente).

Será esta música, conservada em Paço dos Negros, uma herdeira desses tempos gloriosos da realenga Almeirim e do Paço da Ribeira de Muge? Pensamos que sim.

E hoje? Quando sabemos que houve gente aqui na terra que tinha vergonha de mostrar esta dança?

Clique para ouvir:       Dança dos Fidalgos

Carta onde a Rainha D. Catarina faz mercê aos bailadores que em Almeirim bailaram a Mourisca.


domingo, 27 de junho de 2010

Parque de Merendas de Paço dos Negros. Lindo.


Entre este desprezado moinho e a ribeira irão bem mais de 100 metros.


E que tem este terreno que foi há largos anos oferecido à Câmara, pelo sr. Manuel Cipriano,  para nele ser construído um Parque de Merendas?
Resposta: Erva.


Como o terreno fica em leito de cheia, aqui vai uma sugestão à Câmara que evitará a plantação de árvores em terreno inundável e aproveitará  a cultura genuína da terra:

A construção de sombreiros,  palhotas de pau a pique e bungalows com os materiais originais da ribeira, utilizados pelos negros que habitaram o paço.

Espero que esta sugestão de princípio de um parque temático, como diz o povo, não caia em saco roto e muito menos que seja um lançar de pérolas a porcos.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

O Paço real e o Convento de Nª Sª da Serra de Almeirim

Atestando o que outros documentos já nos tinham revelado, como de que o Paço foi construído para "desenfado" do rei, de que o próprio escolheu e "divisou" o local, de que os escaravos eram "escravos do rei", também a capela foi mantida pela Casa Real durante mais de trezentos anos.


«O Prior e Religiosos do Convento de Nª Sª da Serra de Almeirim

Por se haver perdido o alvará de que este assento faz menção se passou outro com “salva”? o dito prior e religiosos que vai registado no livro próprio da rainha nossa senhora a pág. 284 como dele se verá.

RETIRADOS
Assinatura indecifrada»

(RGM, 1, 192v)

E hoje, o que é que os (ir) responsáveis fazem por este monumento?

quarta-feira, 23 de junho de 2010

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Academia da Ribeira de Muge - Tu dantes era linda...

Não passes com ela à minha rua

Letra de Carlos Conde e música de Miguel Ramos – 1968 (da Internet)

Ao fim de tantos anos de ser tua
Amaste outra, casaste, foste ingrato;
Vi-te passar com ela à minha rua,
E abracei-me a chorar ao teu retrato!

Podia insultar-te quando te vi,
Ferida neste amor supremo e farto,
Mas vinguei-me a chorar, chorei por ti
Por entre as persianas do meu quarto!

Casaste, sê feliz, Deus te proteja,
Não te desejo mal, e tanto assim,
Que não tenho ciúme, nem inveja,
Como a tua mulher teve de mim!

Mas olha, meu amor, eu não me importa,
Antes que fosses dela eu já fui tua,
Podes sempre bater à minha porta,
Mas não passes com ela à minha rua!


Compare com a letra e música recolhidas em Paço dos Negros, junto de uma mulher nascida em 1924. Pelo tema tratado, uns desamores e ciúmes à mistura, será esta canção, (mais rude, tal como o povo), a parente mais velha dessa outra muito divulgada a partir de meados do século XX, na rádio? Contudo esta canção, segundo a nossa informante, era cantada já nos anos 30.

Tu dantes eras linda agora és feia,
Perdeste toda a beleza e toda a graça,
Devia-te ter ódio, mas não tenho,
Ainda tenho pena da desgraça.

Tu assim que chegaste à tua casa,
Apenas foste dizer mal de mim,
Nunca tive ciúmes nem inveja,
Como a tua mulher teve de mim.

Paciência meu amor, eu não me importa,
Namoraste outra casaste, foste um ingrato,
Foste passar com ela à minha porta,
Eu abracei-me a chorar ao teu retrato.

Paciência meu amor, eu não me importa,
Primeiro que fosses dela eu já fui tua,
Podes passar sozinho à minha porta,
Mas não passes é com ela à minha rua.

Podes passar por mim quando quiseres,
Que eu contigo nunca mais faço as pazes,
Podes amar centenas de mulheres,
Que eu para mim nunca mais quero rapazes.



quinta-feira, 17 de junho de 2010

O Convento de Nossa Senhora da Serra de Almeirim

Dois documentos nos falam da doação deste mosteiro aos frades dominicanos de Santarém, em 1501.

Original, Ch. D. Manuel I, Liv. 37, fol. 40.





Transcrição do original, LN, Liv. 11 da Estremadura, fol. 151, rolo 997. (trecho).



«Ao mosteiro de S. Domingos mercê da casa de Nossa Senhora da Serra de junto com Almeirim com todas suas pertenças e ornamentos e cousas que nela estão.


D. Manuel e etc., a todos quantos esta carta virem fazemos saber que confiando nós como a casa de Nossa Senhora da Serra de junto de Almeirim pudesse ser melhor provida e nela as cousas do serviço de Nosso Senhor pudessem ser melhor feitas e acerca delas pudesse haver quem melhor e mais combinadamente as tivesse e administrasse determinamos fazer da dita casa esmola ao mosteiro da Ordem de S. Domingos da nossa vila de Santarém. Porém por esta presente carta por fazermos graça e mercê ao prior e frades do convento do dito mosteiro e lhe fazemos pura e irrevogável doação deste dia para todo o sempre da dita casa de Nossa Senhora da Serra com todo o seu assento e com todas as cousas e ornamentos e quaisquer outros que até o presente nela estão e tínhamos dado para serviço da dita casa e assim inteiramente como nela todo o que a ela é decretado e ordenado nos pertence e por qualquer maneira que ao diante nos pertencer possa com obrigação que o dito prior e frades e convento do dito mosteiro que são obrigados para todo o sempre ter continuadamente na dita casa para serviço dela e para os ofícios divinos e cousas do serviço de Nosso Senhor três frades dos quais um ao menos seja de missa e que cada dia se diga uma missa ao menos de qualquer devoção santo ou santa que eles mais quiserem porque nesta parte não queremos que tenham obrigação alguma …/… Dante em a nossa cidade de Lisboa a 20? dias do mês de Abril, do ano do nascimento do nosso Senhor Jesus Cristo de mil e quinhentos e um.»

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Contos do Rei Preto

Para quem não pode ler n"O Almeirinense".

O Rei Preto e o Moinho dos Frades
bronzes do Benim

Em meados do século XVI, os frades de Nª Sª da Serra de Almeirim vinham à Capela do Paço da ribeira de Muge rezar missa. Pelo seu zelo em cuidar das almas, o rei veio a dar-lhes em esmola o assento de uns moinhos na Ribeira de Muge.
O Rei Preto, homem preto da capela, já entradote nos anos, mas que mestre era em artes várias, logo que soube da real mercê aos frades, ofereceu-se para os ensinar na arte da moagem. Em troca, os frades prometeram levá-lo ao convento e o ensinariam a bem rezar o latim.
Os frades eram gulosos e, de moinhos, o que mais queriam era a farinha feita em doces bolos.
O Rei Preto, nos seus preparos da capela, passava agora os dias a rezar no seu latim, Jeju! Crasalam! Pato Nosso!:

Jeju! Crasalam! Pato Nosso! - Pater noster, qui es in caelis,
Santo paceto ranho tu - Sanctificetur nomen tuum,
E siguo valente tu - Flat voluntas tua
E sinco sego salva tera. - sicut in coelo et in terra.
Pão nosso quanto dão - Panen nostrum quotidianum
Da noves caro he - da nobis hodie
debrite nose de brita noses - et dimite nobis debita nostra
Ja libro nosso gallo. - sed libera nos a malo.
Ámen, Jeju, Jeju, Jeju.

Entretanto os freires quando pensaram que já eram mestres esqueceram-se do Rei Preto. No moinho nem vê-lo queriam agora. Que era malcriado, preto velho não aprende línguas, que se ocupasse da capela. Tinha até a única virtude de lhes estragar as meditações, diziam.
Os frades revezavam-se na tarefa de moer o pão. Era uma oportunidade de passarem a noite em meditação, a ver escorrer a alva farinha. Todos os dias, ao nascer do sol, aparecia no moinho um irmão para substituir o que lá ficara de noite.
Os monges, românticos e sonhadores, embasbacados que estavam com a beleza e a alvura da branca farinha, era tal qual como liam nos livros, nem viam o pó doentio que aquela arte acarretava; ficavam horas em meditação, a respirar o pó da farinha, e a dar graças ao Criador.
Os fregueses esses esperavam, esperavam, até que resolviam ir pela farinha a outro moinho. Breve não tiveram os frades outra solução, senão arrendar os assentos de moinho.
Sobre a regulação da água, pouco os interessou aprender do que o Rei Preto lhes ensinou. Conseguiram captar apenas, comparando com a farinha nos gulosos bolos, que a água nos rodízios sa arte de muto cência, sa de passá no quelha com conta, peso e medida.
Ora, o Rei Preto, rebelde, revoltado que era, ao sentir-se desconsiderado pensou logo em vingar-se, de modo a que os frades viessem a reconhecer a sua real autoridade na arte de moer o pão.
Então, uma fria noite de inverno foi à represa e deitou fora a adufa de madeira que regulava a água.
Sem controlo na água, o rodízio deu em rodopiar com uma velocidade tal que estragava a farinha e as mós já faiscavam lume.
O frade ao acordar da sua contemplação, atrapalhado, vai a correr à represa e, recordando-se de que a água devia passar na calha com conta, peso e medida, corre a buscar um alqueire e sentou-se dentro da levada. Quando o frade substituto chegou, estava ele em meditação, enregelado, a medir a água com o alqueire da farinha.

Nota: Conto recolhido da tradição em Paço dos Negros; foi usada linguagem de Gil Vicente, em “O Clérigo da Beira”, por sua vez recolhida junto de Fernando Frade, homem preto da capela de S. João Baptista de Paço dos Negros.



segunda-feira, 14 de junho de 2010

Recolhas da Academia da Ribeira de Muge


Nos anos 40 do século passado, o grande Manuel Certeza, fazia sucesso por toda esta ribeira de Muge.




Manuel Certeza

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Rituais de trabalho

A partir dos 10 anos, no desejo de passar ao rol das mulheres, de não serem “cortadas” no preço, as raparigas sujeitavam-se ao ritual da aguadeira.


Dois casos que tiveram sortes diversas. Quanto vale uma boa cantiga!


terça-feira, 8 de junho de 2010

Na senda dos negros benins da Ribeira de Muge

As relações com o Benim vinham-se desenvolvendo desde o final do século xv. Nos anos de 1514-16, houve um incrento destas relações, documentadas que estão.

ERETIRADOS
[ass]: Dom  Jorge e Dom António                       Jorge Correia»


domingo, 6 de junho de 2010

A Coutada da Ribeira de Muge

Documento de criação da "Coutada Nova de Almeirim".
Foi criada tal como o Paço, "para desenfadamento" do rei D. Manuel I.

Criada em 1514, a 8 de Fevereiro.  Diogo Rodrigues, primeiro almoxarife de Paço, foi nomeado, oficialmente a 9 de Fevereiro.


LN, LIV.12 DA ESTREMADURA, FOL. 11, ROLO 1008.
(apagados temas laterais, em photoshop).




Marco encontado na estrema da Coutada da ribeira de Muge, cumeada da ribeira dos Grous, fronteira da freguesia de Raposa com a freguesia de S. José da Lamarosa.

RETIRADOS

sexta-feira, 4 de junho de 2010

O Aiveca

Um caso acontecido nas charnecas entre Paço dos Negros e a Lamarosa de Coruche, em meados de século XX.
As mulheres, mais uma vez, logo cantaram a desdita de uma rapariga. (canta Vitorina Frazão-Raposa).

segunda-feira, 31 de maio de 2010

A Capela de S. João Baptista do Paço da Ribeira de Muge

Cronologia de uma morte anunciada?


Foi a capela rebocada a cimento puro e duro, no seu interior em 2005.

Foi rebocado o seu exterior em 2007.

Em 2010, veja o estado actual do telhado, que continua a deixar entrar a chuva.

O que é que se passará com o telhado, que sempre ouvimos dizer nos debates eleitorais na rádio, que dinheiro não era problema para a Câmara?

Não é preciso que me agradeçam por lhes mostrar esta fotografia do telhado. É o meu dever como cidadão e pesquisador da história e da cultura.


Capela de S. João Baptista

domingo, 30 de maio de 2010

Na senda dos negros de Paço dos Negros


Simão Vinagre Rodrigues, que vivenciou em Almeirim muito daquilo que deixou escrito, de pobre moço de estrebaria, excepcionalmente admitido na escola do Paço, a pedido de seu avô, foi estudar em Évora, chegou a bacharel, referindo-se ao negros que habitavam o paço da Ribeira de Muge, diz: «eram escravos guinéus, vindos do reino de Benim. Viviam em casa de pau a pique, com paredes de caniços, tapadas de barro e telhados de espadana e junco».

Fonte: Henrique Leonor Pina, Os papéis de S. Roque”.

Quem sabe, se não foram eles que deixaram este gostinho especial por estas músicas que, devido a um certo isolamento, foram agora recolhidas pela Acadenmia da Ribeira de Muge?



A Evolução de Paço dos Negros

Encontramos documentos que atestam a existência da freguesia de Raposa e pertença de Paço dos Negros a esta, desde 1706.
Até 1956 pertenceu Paço dos Negros à freguesia de Raposa.
Não sabemos se esta já existia anteriormente a esta data. Mais antiga será, pois nas “Notas dos Tabeliães (Biblioteca Nacional, Colecção Pombalina, nº 136, Filme 7633, em “Freguesias do século XVII”, esta aparece já referenciada.

Pertencia a Mata da Ribeira de Muge, desde a sua criação, inícios do século XV, bem como Paço dos Negros e a coutada da Ribeira de Muge, 1514, à Montaria de Santarém.

População:

Tinha a freguesia de Raposa:
Em 1758: 215 habitantes.
Em 1864: 360.
Em 1890: 538.
Em 1900: 630.
Em 1911: 649 habitantes no conjunto da freguesia.
Em 1911, no recenseamento realizado a 1 de Dezembro, Paço dos Negros aparece já em separado: tinha 36 fogos e 162 habitantes. No complexo do Paço 6 fogos e 20 habitantes.
Após o aforamento, assistimos em Paço dos Negros a um crescimento exponencial.
Em 1940, Paço dos Negros: 372 habitantes.
Em 1960, Paço dos Negros, (4 anos após separação de Raposa): 782.
Em 1970, Paço dos Negros: 1046 habitantes.
Em 1981: 1231 habitantes.
Em 1991: 1251 habitantes.

Em 2001: não consta na Net.

* - Fonte Registos Paroquiais e INE

Foi a freguesia de Raposa durante pelo menos 250 anos senhora de um território rural e de montado, um território que formava uma unidade, ao longo da ribeira de Muge, desde o moinho de Vasco Velho, (Estrada do Pontão, fronteira de Muge), até a norte de Marianos. (À Raposa, ou a Paço dos Negros, vinham casar habitantes de Marianos, Almotolias, Vale Flores, toda a ribeira dos Grous).

Em 1956, por uma tonteria de uns tantos Salazaristas, foi Paço dos Negros desanexado a Raposa e anexado a Fazendas de Almeirim. O que é que Paço dos Negros ganhou com isso?

A julgar pelas pessoas de Almeirim e das Fazendas que, quando nos meus escritos comecei a falar da Ribeira de Muge, me perguntavam onde ficava a ribeira de Muge, e refiro-me a pessoas instruídas, porque as outras, as simples, as que não têm voto nas decisões, muitas aqui tinham trabalhado no tempo das mondas nos arrozais, conheciam bem, penso que Paço dos Negros não ganhou nada com a mudança. Se ganhou foi exploração dos seus recursos.


Mapa onde pode ver-se a Estrada do Pontão, Almeirim-Coruche.


sexta-feira, 28 de maio de 2010

Manuel Francisco Fidalgo Junior

Aos vinte e sete dias de Dezembro de 1903, foi feita a escritura de aforamento do Paço da Ribeira de Muge.
Era pertença de D. Fernando Manuel, da Casa de Azambuja.



Manuel Francisco Fidalgo, dono do Paço


RETIRADO

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Pombinho Correio

Cinquenta anos volvidos uma mulher da Ribeira de Muge mostra-nos ainda a força das canções, pelas mulheres cantadas por sucessivas gerações dentro dos arrozais da Ribeira de Muge. Uma energia, uma força que parece vir das profundezas da terra.

Vozes telúricas,  por vezes rudes e agrestes das mulheres, cantavam com orgulho, quantas vezes como lenitivo para enganar a fome, quantas vezes os maus-tratos de maridos e pais, outras vezes a saudade de maridos e namorados na guerra.

Nos dias em que a brisa era de feição, as suas vozes penetrantes longe se faziam ouvir, embelezando ainda mais a ribeira .

segunda-feira, 24 de maio de 2010

O Paço dos Negros da Ribeira de Muge, hoje um paraíso maltratado

Frazão de Vascancelos dele disse: O sítio é pitoresco e certamente o era mais, quando existiam as árvores seculares que o povoavam.
Nesta foto, é possível  adivinhar a beleza da Natureza e comparar com o horror da intervenção humana.

domingo, 23 de maio de 2010

O Paço da Ribeira de Muge - O Pomar Real

Tanque quinhentista, dentro da Cerca do Pomar Real. Foi construído aquando da construção do Paço, 1511.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Deana Barroqueiro, filha adoptiva de Paço dos Negros

Aconteceu ontem, dia 20, o lançamento de mais um livro de Deana Barroqueiro: O Romance da Bíblia.
Deana Barroqueiro, uma das maiores escritoras portuguesas da actualidade.





Um olhar feminino sobre o Antigo Testamento: obra original e polémica sobre as mulheres e os homens dos livros sagrados. Muito interessante.

Deana Barroqueiro que no seu livro D. Sebastião e o Vidente, põe o Paço da Ribeira de Muge, no centro da trama que levou D. Sebastião à derrota em Alcácer-Quibir. Um livro histórico, por maioria de razão para Paço dos Negros, uma localidade menosprezada pelos seus responsáveis maiores.

Deana Barroqueiro que quando da apresentação do livro em Paço dos Negros, não se cansa de dizer que foi um dia memorável.

Neste dia foi chamada de filha adoptiva de Paço dos Negros.
Permita-me Deana, e permitam-me os visitantes deste blog a inconfidência, mas ontem fiquei a saber que aceitou o título, pela dedicatória que teve a amabilidade de me presentear no Romance da Bíblia:


Ao ser constituída a Associação Academia Itinerarium XIV - Ribeira de Muge, peço-lhe Deana que se considere, desde logo, Sócia Honorária desta futura Academia.

Perdoe-me Deana.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Academia da ribeira de Muge - Dicionário do Rei Preto

Baseado nas falas do negro Furunando, das peças de Gil Vicente, e no livro de Paul Teyssier, la langue de Gil Vivente:

Dicionário do Rei Preto

Acordar – cordaro
Almoxarife – moxarifo
Amargurado – margurado, murgurado
Andar – andaro
Aramá que te rô – ao diabo que te dou
Assim – assi
Beber – bevê
Caçar – caçá
Carreira – carera
Casamento – casaramento
Cativo – catibo
Chover – chovere
Clérigo – crérigo
Coitada – coitaro
Comer – comê
Conhecer – conhecê
Consagrado – consabrado
Cuido – cuida
Dais – dás
Deitar – deitá
Derradeira – deradera
Deus – Reos, Deso
Diabo – riabo
Dinheiro – rinheiro
Dirá – rirá
Dormia – doromia
É, Está – sá
El-rei D. João – rei Jan Joan
Enjoada – nojara
Era – saba
Escrivão – crivam
Esmoler – moladero
Espantado – sapantaro
Espírito Santo – Prito Santo
Estava – saba
Excomungado – comungaro
Falar – falá
Feia – feo
Fernando – Furunando
Fidalgo – firalgo
Foliar – fruriá
Formosa – fermoso, foromosa
Furtar – furatá
Furtasse – frutasse
Isso – esso
Jesus – Jesu
Ladrão – ladaram
Maçã – mação
Madura – maduro
Mais – más, masa, maso
Maridada (casada) – Maruvada
Marido – marida
Matou – mató
Melhor – mior
Mim (eu) – mi
Minha – mia, meu
Missa – misa
Muito – muto
Mulher – moier, muiero
Namorada – namoraro
Não – nô
Olhar – oiai, (abre) oio
Padre-nosso – pato-nosso
Palheiro – paveiro
Parir – pariro
Pela – polo
Perguntar – purugutá, bruguntá
Pobre – prove
Poder – podê
Pois – pôs
Por – poro
Porque – poro que
Porquê – puru quê
Português – Portuguás
Pura – puro
Romã – Romão
Salmonete – saramonete
Segura – seguro
Senhor – seoro
Senhora – senhoro, seuro
Tanta – tanto
Tanto – tanta
Terra – tera
Todo – toro
Tomar – tomai
Traidor – tredora
Travessa – trabesso
Trazer – trazê
Triste – trisse
Tudo – turo
Uva – uba
Vem – bem
Vestido – besiro
Vida – vira, bida
Vindimar – vindimai
Você – boso
Vontade – votare
Vós – bó, bós
Vosso – bosso
Vou – (mi) vai, bai


Janelinha de quarto onde, segundo a tradição (ainda viva), era a casa dos gatos,
onde o Rei Preto castigava os escravos negros.