“I have a dream”
Eu tive um sonho. Tive um sonho de que as entidades que superintendem sobre o Paço Real da Ribeira de Muge tinham decidido deixar de colaborar na sua degradação.
Sonhei que fora restaurada a harmonia e o pitoresco do local;
Sonhei que todo o complexo fora reabilitado;
Sonhei que os políticos concelhios têm uma visão de futuro, do interesse público, e não de compadrio;
Sonhei que foram feitas escavações sérias, no sentido de se vir a conhecer toda a cronologia histórica daquele local;
Sonhei que a azenha está a trabalhar, integrada num projecto turístico de qualidade;
Sonhei que fora construído um parque de merendas, onde se erguem os sombreiros característicos das palhotas dos negros;
Sonhei que o pomar real do século XVI fora resgatado e é agora um belo e frondoso jardim. Os seniores da Associação Manuel Cipriano, e turistas, ali passeiam, nas suas alamedas, por entre plantas e árvores da época;
Sonhei que a ribeira, em frente ao Paço, é agora um bonito lençol de água onde, no Verão, aos fins-de-semana, se passeiam pequenos barcos cheios de visitantes e turistas;
Sonhei que a capela voltara a ser uma obra de arte, dedicada ao seu patrono, S. João Baptista. Integrada num projecto integral turístico de qualidade, ali se voltaram a realizar alguns casamentos;
Sonhei que o povo de Paço dos Negros havia começado a entender e a ter orgulho na história e na cultura da sua terra, e o potencial turístico que tem o seu património edificado, histórico e cultural;
Sonhei que os políticos cumprem o seu dever e já não usam o povo para, na aldeia, de cima do palanque, distribuírem cheques e campos de relva sintética.
Eu tenho um sonho.