segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Gil Vicente, o Furunando, e Paço dos Negros

Destes escritos Quinhentistas, de Henrique Leonor Pina, sobre Gil Vicente, pág. 59: «não era bom caçador, mas conhecia bem o Paço da Ribeira. Falava com frequência com os negros que aí se haviam fixado.../...Chamava-se precisamente Fernando. Pediu que lhe rezasse o Padre Nosso e a Salve Rainha...



Salve Rainha retirada da peça "O Clérigo da Beira":

– Sabe a Regina*
mathoa misericoroda
nutra dun cego sável
até que vamos a oxulo filho degoa
alto soso peamos já frentes
vinagre quele quebraram em balde
ja ergo a quarta nossa
ha ylhos tue busca cordas
oculos nosso convento
e geju com muyta fruta ventre tu
ja tremens ja pias.
Seoro Santa Maria…







(pode ver-se como a linguagem é um hino à vida no Paço da Ribeira.)









*Salve Regina, mater misericodiae Vita, du cedo et spes nostra, salve! Ad te clamamus, exules filii Evae. Ad te suspiramus gementes et flentes in hac lacrymarum valle. Eia ergo, advocata nostra illos tuos misericordos óculos ad nos converte. Et Jesum, benedictum fructum ventis Tui nobis, post hoc exilium, ostende. O clemens, o pia! o Dulce virgo Maria.