sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Paço dos Negros e a sua ligação ao Convento de Nossa Senhora da Serra
Eis um pouco da história religiosa da Ribeira de Muge. A ribeira desconhecida e ignorada e tão cheia de história. A ribeira dos moinhos seis vezes centenários e das belas e encantadoras paisagens. A ribeira que espera que a preservem enquanto é tempo:
Em 1560, por alvará real, a capela de S. João Baptista do Paço da Ribeira de Muge, ficou a cargo da Ordem dos Frades Dominicanos do Convento da Serra, conforme um extenso documento em Confirmações Gerais, livro 6, fol.312v-313v:
«Eu el-rei faço saber aos que este alvará de confirmação virem que por parte do prior e frades do mosteiro de Nossa Senhora da Serra da Ordem de S. Domingos, que está junto à vila de Almeirim, me foi apresentado em alvará do senhor rei D. Sebastião, meu sobrinho, que santa glória haja, passado por sua chancelaria, com três apostilhas, nele postas, de que o traslado de tudo é o seguinte: Eu el-rei faço saber aos que este alvará virem, que por a capela dos Paços da Ribeira de Muja estar ora vaga, por falecimento de António Valente, [António Valente que fora nomeado em 2-09-1551 ao tempo das longas estadias da rainha D. Catarina em Almeirim] …/…e serão obrigados a dizer na dita capela quatro missas por semana, e demais obrigações da dita capela…
O qual pagamento lhes assim farão de dia de S. João Baptista que passou deste ano presente de 560 em diante…/… confirmada em Lisboa a 20 de Fevereiro de 1597.»
Pelos séculos fora, vários actos foram acontecendo, tal como: «Em 1658 o Prior e Religiosos do Convento de NªSª da Serra recebem por alvará, 25$000 réis para comprar um macho, para nele irem os religiosos do Mosteiro à Capela de Paços de Muja dizer as missas Domingos e dias Santos.» R. G. de M., Vários Reis, liv. 1, fl. 192v.
Vinte e um anos após a nomeação do almoxarife Paulo Soares da Mota II, datada de 1769, foi extinto o almoxarifado do Paço dos Negros da Ribeira de Muge e doada a propriedade, da Ribeira até à Serra, a D. António Luís de Meneses da Casa de Atalaia e Tancos em 1790.
Todavia, após a saída da Fazenda Real, João Evaristo de Sá e Seixas, era almoxarife da Capela de S. João Baptista do Paço dos Negros da Ribeira de Muge. Tinha de ordenado 40.000 réis. Um documento de 4 de Julho de 1801 reza: “Este paço foi dado em Exmo. Marquês de Tancos e se conserva o ordenado ao dito almoxarife por ter a seu cargo a dita capela que existe».
Alguns registos existentes no magro espólio do extinto Convento de Nossa Senhora da Serra, existente na T.Tombo, confirmam ainda o relacionamento entre Convento da Serra e este almoxarife da Capela do Paço, depois da saída da Fazenda Real:
«Recebeu do guisamento da Capela dos Passos de 1808 e 1809, 12$000;
Hum brinde para o Almoxarife de Almeirim passar as certidões da Capela dos Paços, $440 réis, em Março de 1826;
Despesa de uma lembrança para o Almoxarife passar as certidões da Capela, 4$800, em Dezembro de 1826;
Despesa de uma mulher para varrer a Capela dos Passos nos 9 meses, $480 réis, em Junho de 1828;
Despesa para o novo selo de testação, que pagou o almoxarife da Capela dos Paços, $060 réis, em Maio de 1828;
Despesa de uma capa de oliado para se levar à Capela dos Passos, em Fevereiro de 1829.
Despesa de pagamento do reconhecimento de dois atestados do Almoxarife dos Passos, $080 réis, Maio de 1832».