Baseado em preconceitos, que não em documentos, se construíram ideias desvalorativas e erradas, propícias a todos os desmandos, logo a começar na data primordial.
Mostrando como se deu esse “pecado original”, transcrevo um curto excerto de uma longa Carta de Quitação, de 1517, em que se dá Diogo Rodrigues, almoxarife, por quite e livre pela boa conta que deu de todas as coisas que recebeu para a construção do Paço da Ribeira de Muge:
«Dom Manuel, etc. a quantos esta nossa carta virem fazemos saber que nós mandámos tomar conta a Diogo Rodrigues, nosso escudeiro, almoxarife dos nossos Paços da Ribeira de Muja, de todo o dinheiro que recebeu, e coisas que os anos passados de 511, 512, 513, 514, e despendeu para despesas das obras deles, e achou-se por bem da dita conta receber em dinheiro os quatro anos 3.343.805 reais, das pessoas abaixo …» Ch D. Manuel, Liv 9, f . 26v.
Carta esta que, ao ser copiada para a Leitura Nova, Livro 6, Místicos, 147, foi omitido o ano de 1511:
Frazão de Vasconcelos, por sua vez, publica em 1926, o muito divulgado «O Paço dos Negros e seus almoxarifes». Recorreu aos estudos de Braamcamp Freire.
Encontrando nós documentos que atestam o início da construção do Paço em 03 de Maio de 1511, bem como documentos de afectação de verbas logo nesse ano, procurámos o documento original, Ch D. Manuel, Liv 9, f . 26v, que não apenas o da Leitura Nova. Neste, sob um borrão, é notória a inscrição do ano de 1511:
Encontrando nós documentos que atestam o início da construção do Paço em 03 de Maio de 1511, bem como documentos de afectação de verbas logo nesse ano, procurámos o documento original, Ch D. Manuel, Liv 9, f . 26v, que não apenas o da Leitura Nova. Neste, sob um borrão, é notória a inscrição do ano de 1511: