O mês de Maio, a fama de bom trabalhador e a preguiça.
O primeiro de Maio tinha uma
grande tradição em Paço dos Negros: No primeiro dia do mês de Maio ninguém podia ficar
na cama quando o sol nascesse. Para não deixar entrar o Maio, diziam. Alguns homens se encarregavam de acordar todos
os outros e, iam de madrugada, de porta em porta, a fazer barulho, tropelias
e diabruras.
As Maias, ainda que as mulheres
não saibam explicar o porquê destes costumes enraizados, que não são mais que a
celebração do amor pela Natureza, as raparigas solteiras logo pelo Entrudo, mal
chegava a Primavera, enfeitavam-se de flores:
«As cachopas, no trabalho, na cabeça transportavam chapéus enfeitados de flores. As
primeiras flores que anunciavam a Primavera. Flores de entrudo (mimosas), amarelas,
lindas de veludo. Passa o Manuel Preto peregrinando no seu burro. Manuel Preto,
viandante, tinha um coração de poeta. Elas sabiam-no e incitavam-no:
– Ó senhor Manel, quer ir e mais a gente?
– Ó meninas, aonde?
– Beijar o cu ao conde!
O coração sonhador de Manuel Preto, perante a graça das raparigas, num
rasgado e esvoaçante elogio, revelava-se:
O macaco do entrudo
É muito amigo de brincar
Acolá naqueles chapéus
Todo o dia anda a brilhar!»
*Do livro Histórias da Ribeira de Muge.
Alguns chapéus que as
raparigas (e mulheres casadas) usavam:
Chapéu mais usado pelas mulheres casadas que adaptavam chapéus de homens, usados por seus familiares.