Será talvez uma ousadia, que os especialistas poderão desvendar, mas este retrato extraído do Livro de Horas de D. Manuel, pela sua rusticidade, não estranharia que fosse de uma estadia em Paço dos Negros. Este era de negros, por isso de negros ficou o nome.
Um dos primeiros documentos sobre Paço dos Negros da Ribeira de Muge. Excerto de uma Carta, extraída do Corpo Cronológico, carta de Pedro Matela, Contador mor de Santarém e Abrantes, ao rei D. Manuel I, com data de 22 de Abril de 1511.
Nesta carta, pode ver-se que ainda antes de ser feita a escritura do paço, que viria a ser a 3 de Maio, por recomendação do rei, o paço já estava em construção.
Neste trecho, Matela pede ao rei que mande uma dúzia de escravos, escravos estes que ficaram e que deram o nome à terra, ao mesmo tempo que faz uma crítica a uma venda de escravos que estavam em Almeirim, e que haviam sido vendidos a 10 de Abril.
«Outrossim senhor os servidores para servirem na dita obra por ser alongada de conversação hão-se trabalhosamente e por mor aviamento da obra me parece que será vosso serviço mandar a ela uma dúzia de escravos e eu mandarei mui bem cuidar deles e estarão na dita ribeira e servirão e forrarão dinheiro a vossa alteza por que posto que os que estavam em Almeirim fizessem pouco proveito e foram mal vendidos estes farão mais proveito e serão melhor vendidos quando vossa alteza mandar por que eu proverei em tudo como cumpre a vosso serviço.»