Ainda a Mulatinha
Como é da História, foi esta região da Ribeira de Muge frequentada por reis e habitada por Negros, em séculos passados.
Recolhida esta mulatinha, na Ribeira de Muge, pesquisados vários cancioneiros populares portugueses, tanto em livros como na internet, até agora, apenas encontrámos uma letra que se aproxima, no Estado de Sergipe, no Brasil.
Da Ribeira de Muge:
- Venho da ‘nha terra
Da santa terrinha
Venho visitar
Uma mãe que é minha
Tanto trabalhinho
Que eu dei a criar
Uma mãe que é minha
Venho visitar
Estava à minha porta
Muito assentadinha
Quando ouvi passar
Uma mulatinha
Muito penteada
Muito arriçadinha...
‘Garrei no capote
Meti atrás dela
Fazendo meados
Chamando por ela
Ora bate o pé
Ora bate bem o pé
Quanto mais batido
Mais bonito isto é!
De Sergipe:
— Estava de noite
Na porta da rua,
Proveitando a fresca
Da noite de lua,
Quando vi passar
Certa mulatinha,
Camisa gomada
Cabelo entrançadinho.
Peguei meu capote,
Saí atrás dela,
No virar do beco
Encontrei com ela,
Ela foi dizendo:
"Senhor, o que quer?
Eu já não posso
Estar mais em pé,
Olhei-lhe pras orelhas,
Vi-lhe uns brincos finos,
Na réstea da lua
Estavam reluzindo.
Olhei pro pescoço.
Vi um belo colar;
Estava a mulatinha
Boa de se amar.
Olhei-lhe pros olhos,
Vi bem foi ramela...
Remontará esta “mulatinha”, perdida na Ribeira de Muge, ao século XVII/XVIII? terá a mesma matriz, e cada povo a foi transformando a adaptando à sua cultura? Pensamos que sim.