Paço dos Negros da Ribeira de Muge, devido à sua condição geográfica, por detrás da Serra de Almeirim, fronteira com o (ainda) hoje maior deserto humano de Portugal, o território de Entre-Muge-e-Sorraia, delimitado pelos concelhos de Ponte de Sor, Coruche, Chamusca, Almeirim; território em épocas recuadas visitado por reis, habitado por negros, até recentemente por camponeses e cabreiros, manteve a transmissão ancestral de uma cultura que vinha da Idade Média. Tem, por isso, hoje ainda, em memória, um legado cultural como poucas aldeias se podem gabar.
Quando deparamos com documentos paroquiais dos séculos 17/18, que nos falam das pessoas que habitavam os casais deste território, os seus nomes, vemos que são as mesmas famílias que em meados do século 20 aportaram a Paço dos Negros, Marianos, Parreira, etc.
Esse legado de Paço dos Negros e da Ribeira de Muge, à revelia da vontade de muitos, está a ser recolhido, compilado, organizado pela Academia da Ribeira de Muge.
Grande é a responsabilidade de nós todos, agentes culturais desta geração, que gostamos de nos entreter com uma folclorice salazarista inventada, no “Coração do Ribatejo” abastardada, em conhecer e preservar o nosso genuíno legado cultural.
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