Hoje é dia de S. Jerolmo. A Academia da Ribeira de Muge oferece aos seus leitores uma recolha, local. S. Jerolmo. Recolha que a julgar pelos anos que demorou a encontrar, muitas mulheres a recitavam, mas não a cantavam, estaria prestes a perder-se para sempre, pelo menos nesta zona do país.
Clique para ouvir S. Jerolmo , (recolha)
S. Jerolmo
Clique para ouvir S. Jerolmo, pela Academia da Ribeira de Muge
S. Jerolmo 2
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
A Fonte do Machieiro e a sabedoria popular.
Vimos como documentalmente aparece o nome da Fonte do Machieiro. Nome hoje completamente desconhecido entre as gentes da terra, como vimos em post anterior ele aparece em documentos do século XVI. Volta a aparecer em documento de 1815, quando da demarcação do território de Paço dos Negros.
Em conversa, com Manuel Maria Cipriano, cidadão nascido em 1925, este ao dar-nos uma lição sobre a fauna, a flora e a floresta da ribeira de Muge, dá-nos a pista para deciframos o nome "Machieiro".
«O sobreiro desde que nasce até que é adulto passa por várias fases: a primeira é a lande ou bolota, é o machoco, é o carrasqueiro, é o chaparro, e depois o sobreiro.
O machoco é nos primeiros anos até quando tem uma altura de cerca de um metro. O carrasqueiro é quando atinge uma altura que podem ser tirados os ramos inferiores. Quando já com a altura de alguns metros, ganha pernadas e pode ser tirada a cortiça amadia, aqui já ganha o nome de chaparro.
Por volta dos trinta e cinco anos, quando passa a ser tirada a cortiça, de nove em nove anos, está um sobreiro feito.»
Manuel Maria Cipriano, um sábio, cuidando de um machoco, machorro ou machieiro, na sua propriedade de Monte da Vinha.
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
O SEU A SEU DONO
Trecho da Carta- Escritura do Paço da Ribeira de Muge
«...que S. A. para seu desenfadamento quer mandar fazer na dita sua terra, e bem assim lhe fazem serviço e doação da água da fonte que está ao Machieiro, contra Almeirim e da banda da mão esquerda da estrada que vai para Almeirim, para S. A. dela mandar fazer tudo o que for o seu serviço...»
ESTA CARTA FOI ESCRITURADA A 3 DE MAIO DE 1511, A MANDO DEL-REI D. MANUEL, QUE DELEGOU ESTA TAREFA EM PEDRO MATELA, CONTADOR EM SANTARÉM, POR CARTA COM DATA DE 28 DE ABRIL...
ESTE PEDRO MATELA HAVIA VINDO À RIBEIRA DE MUGE, VERIFICAR O ESTADO DO TERRENO E DAS ACHEGAS PARA AS OBRAS, ASSUNTO QUE COMUNICA AO REI, COM DATA DE 22 DE ABRIL. (CF. PAÇO DOS NEGROS DA RIBEIRA DE MUGE - A TACUBIS ROMANA).
NA CARTA-ESCRITURA É REFERIDA A FONTE DO MACHIEIRO da banda da mão esquerda da estrada que vai para Almeirim, ACTUAL FONTE DO REGO DOS TANQUES, E A ESTRADA PARA ALMEIRIM, ACTUAL RUA HUMBERTO DELGADO.
UMA SUGESTÃO: PORQUE NÃO DAR O NOME DE PERO MATELA A ESTA RUA? NOME QUE ESTÁ NA GÉNESE DA LOCALIDADE. E DA RUA.
ALIÁS, PENSO QUE PAÇO DOS NEGROS TERIA MUITO A GANHAR SE RENOMEASSE ALGUMAS DAS SUAS RUAS. TEMOS UM GRANDE ROL DE PERSONALIDADES HISTÓRIAS QUE AQUI FIZERAM ESTADIA. NENHUMA RUA TEM O NOME DE UMA DESTAS PERSONALIDADES.
PS. Já agora, e verificando a numeração de polícia de Paço dos Negros, verificamos que falta consistência, existe contradição nas normas de numeração. Por exemplo começam as numeraçãoes de Oeste para Leste, seja da serra para o rio, contrariando as normas e a lógica, pois junto ao rio há sempre casas, deveria atribuir-se ali o numero 1/2, e no outro extremo, o do inicio da contagem, pode vir a ser necessário atribuir novos números a novas casas, pois as ruas têm continuação.
Ruas paralelas, umas são mumeradas de Norte para Sul (Escola), outras de Sul para Norte (Paço)...
Assunto que um dia trataremos com mais profundidade.
sábado, 17 de setembro de 2011
Preservação do Paço e da sua memória
Paço dos Negros nasceu aqui. Neste Paço e nesta capela de S. João Baptista.
Um povo que renega e relega a sua história e a sua cultura, trocando-as por sucedâneos de mau gosto e duvidosa origem, não merece um futuro digno.
Há uns anos, talvez 10, sugeri, em local próprio, que o campo da bola, o tema da reunião era esse, fosse designado de D. Manuel I. Parece que disse eu uma heresia...
A propósito, uma pergunta aos responsáveis políticos: Que é feito da memória de D. Manuel I, fundador desta localidade? Onde está representada?
Mesmo em tempo de férias, a Academia continuou a trabalhar intensamente, mais que nunca, na pesquisa, conhecimento, preservação, manutenção, divulgação e dignificação do Paço Real da Ribeira de Muge.
Um povo que renega e relega a sua história e a sua cultura, trocando-as por sucedâneos de mau gosto e duvidosa origem, não merece um futuro digno.
Há uns anos, talvez 10, sugeri, em local próprio, que o campo da bola, o tema da reunião era esse, fosse designado de D. Manuel I. Parece que disse eu uma heresia...
A propósito, uma pergunta aos responsáveis políticos: Que é feito da memória de D. Manuel I, fundador desta localidade? Onde está representada?
Mesmo em tempo de férias, a Academia continuou a trabalhar intensamente, mais que nunca, na pesquisa, conhecimento, preservação, manutenção, divulgação e dignificação do Paço Real da Ribeira de Muge.
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Reconstituição do Paço da Ribeira de Muge
Cumprindo a missão para que foi criada, a valorização e dignificação da história e da cultura de Paço dos Negros e da Ribeira de Muge, nem durante as férias de Verão a Academia esteve parada.
Eis a primeira fase do projecto de reconstituição do Paço, em maqueta, obra essencial para o conhecimento e reconhecimento do monumento quinhentista.
Paço da Ribeira de Muge (pormenor)
Estudo desenvolvido pela Academia Itinerarium XIV – Ribeira de Muge, Secção de Arqueologia.
Brevemente, conta a Academia apresentá-lo à população.
domingo, 4 de setembro de 2011
Lenda da sopa de pedra
Agora que tanto se fala nas 7 maravilhas da nossa gastronomia, confesso que estou indeciso em qual sopa de pedra votar. Se votar na sopa da fradeco manhoso, não estou a votar na sopa de pedra de Almeirim.
Para votar na sopa de pedra de Almeirim, não posso votar na sopa do frade manhoso.
Vão-me obrigar a votar no caldo verde?
«Pela Europa fora, são inúmeros os lugares e costumes associados à sopa da pedra. Nos países da Escandinávia, fala-se de sopa de unhas. Na Europa do Leste, de uma sopa de machado. No Brasil, fala-se não de viajantes, mas de malandros. Em França, não são pedras, mas calhaus, etc. Em Inglaterra, os famosos irmãos Grimm popularizaram a história da sopa da pedra.» Da internet.
Quando era criança, aqui na minha aldeia, Paço dos Negros, contava-se que um pedinte, andando a esmolar, pediu cómodo junto de uma casa de família. Pondo uma pedra a ferver numa caldeira, não tendo mais nada para lhe pôr lá dentro, aproveitou-se da curiosidade dos caridosos anfitriões, e ia dizendo: agora com um bocadinho de toicinho..., agora com um bocadinho de chouriço..., agora com uma folhinha de couve..., agora com uma batatinha..., e assim conseguiu comer a sopa. E à pergunta: E a pedra?, respondeu: A pedra levo-a para amanhã fazer outra sopa...
Eis a minha lenda da sopa de pedra, que me parece muito mais real, interessante e digna de Almeirim, da Verdade, e da Dona Mariana, a sua Criadora. Claro que para esta ser uma boa lenda, convém deixar passar mais uns anitos. Mas nunca será uma lenda manhosa, isso não.
Lenda da Sopa da Pedra de Almeirim
Quem se passeia na cidade de Almeirim, pelas velhas e típicas ruas empedradas do bairro da Tróia, sobre as pedras de cascalho rolado colhidas nas charnecas do concelho, está longe de imaginar como estas pedras podem estar ligadas à famosa sopa da pedra.
Dona Mariana tinha uma mercearia onde se juntavam, fregueses, fornecedores, vizinhos e amigos. Era uma mulher que tinha umas mãos de oiro. E um grande coração. Ela e o marido cultivavam o amor à terra, com a alegria das pessoas simples.
Vivia-se no rescaldo dos tempos difíceis da segunda Grande Guerra. Gostavam muito de conviver, tanto com os fregueses como com os fornecedores da casa. Como sabiam das dificuldades de uns e de outros, aos primeiros quando não podiam pagar de imediato, cediam-lhes o fiado, aos segundos convidavam para o almoço, para que não seguissem viagem de estômago vazio.
Almeirim, terra de gente de trabalho e pouco descanso, sempre foi terra de muitos caldos e sopas. D. Mariana sabendo que certo dia viriam dois viajantes, já habituais àquele dia da semana, fez para o almoço uma sopa à base de feijão e carne de porco. Sopa saborosa, mas, tal como as demais, sem nome de relevo. Os convivas comeram e seguiram viagem deveras deliciados com tão saborosa sopa; uma sopa como nunca haviam provado.
Na visita seguinte, os ditos viajantes ao serem convidados para almoçar, aceitaram, mas logo mostraram interesse em repetirem tão saboroso manjar.
Dona Mariana, outras qualidades de caldo fazia e tanta gente passava pela sua mercearia, para provar os seus petiscos, já não se lembrava da sopa de que falavam, mas por mera casualidade nesse dia havia preparado a mesma sopa, que então já era a mais gabada. Foi então que os viajantes, enquanto tentavam descrever a sopa, veio-lhes à memória a ideia que haviam associado à sopa, e enquanto olhavam para as pedras da rua, lembravam à Dona Mariana: – “Era aquela sopa de cor escura, que se parece com as pedras das ruas de Almeirim.”
E logo ali, regalando-se os viajantes: – Esta sopa de Almeirim não fica nada atrás da sopa que conta a lenda do velho frade –, e baptizaram a sopa com o nome de Sopa das Pedras de Almeirim.
D. Mariana achou graça, aceitou a sugestão, e a partir daí passou a pôr uma pedra rolada, das charnecas de Almeirim, no fundo da panela, mas o segredo da sopa, nunca o desvendou, permanece na família.
Com o tempo, foram os viajantes que se encarregarem de espalhar as virtudes da sopa da Dona Mariana. Com a clientela sempre a aumentar e a regressar, a velha mercearia transformou-se no grande e famoso restaurante “O Toucinho”, que serve a já lendária e genuína Sopa da Pedra de Almeirim.
Manuel Evangelista
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