Trecho de documento de criação do assentamento dos paços e demarcação da vala e coutada de Almeirim. Era de 1424. (Núcleo Antigo, fol. 103).
«O mui famoso e da louvada memória el rei D. João havendo achado seus grandes desenfadamentos de caças e montarias na charneca de Santarém desejou fazer da parte dalém do rio e de Alpiarça para sua aposentadoria porque muitas vezes embargavam seu desenfadamento as águas das cheias do Tejo. Havido seu propósito começou logo de eventar a grandeza e magnificência que era fundada em fazer sempre grandes obras mandou comprar por seus dinheiros todas as terras da vala que jazem dentro do termo das divisões e confrontações que dito(?) havemos. E parte dessas terras houve por escambo por outras que eram da coroa do reino tudo isto a prazer dos senhorios à boa fé sem enganos. Ora tanto que as terras foram suas as mandou cercar por grossos e altos valos e por razão dos valos levou toda a terra de dentro deles nome a vala. E porque a serra se chama d’Almeirim lhe puseram o sobre nome a vala d’Almeirim, assim é chamada até o presente dia e por este nome intitulada. Acabado este fundou o bom rei suas casas de posentadoria dentro na terra da vala que é um grande e nobre assentamento de paços segundo dão dele testemunho fez edifícios com grandes salas câmaras retretes varandas e outras muitas casas nos sobrados e térreas e dos paços um grande recoito de casas e fora do assentamentos dos paços outras casas a redor todas próprias del-rei …»
Vemos frequentemente ser atribuído o topónimo "Almeirim", indo a reboque de todas as palavras (topónomos), com o prefixo al. O assentamento do Paço ter sido feito sobre quinta régia já denominada de Almeirim.
Pelo documento anexo, não se pode afirmar a existência de quinta, e que se possa dizer que Almeirim tem origem em palavra árabe. O nome da Serra que deu nome à Vala, e Assentamento, será bem mais antigo.
Consultando o Dicionário Fenício-Português, de Moisés Espírito Santo, vemos que o topónimo “Almeirim” derivará de um milenar culto animista, praticado na Serra. Mrym (tal como Mron, Moron), que significa altura, elevação, local elevado. Al, que significa Árvore majestosa, sagrada, deus para estes cultos da Natureza, na língua Ugarítico-fenícia, falada neste recanto da Hispânia ao tempo dos fenícios. que por aqui andaram uns bons pares de séculos.