segunda-feira, 28 de março de 2016

Dia dos moinhos abertos

Programa do Dia dos Moinhos Abertos 2016 no Moinho do Fidalgo (Paço dos Negros – Almeirim)

 

A Academia Itinerarium XIV da Ribeira de Muge vem pelo presente meio anunciar a programação do Dia dos Moinhos Abertos 2016, a desenvolver no Moinho do Fidalgo, em Paço dos Negros (Almeirim), nos próximos dias 9 e 10 de abril de 2016, das 15.00h às 18.00h. Sendo dos poucos engenhos a nível nacional, senão mesmo o único, que participa nesta iniciativa e não está funcional, e não sendo possível coloca-lo a trabalhar, haverá uma programação de atividades a desenvolver, por via a dinamizar este engenho centenário. A saber: 

  • Sessão de abertura, no sábado dia 9, às 15.00h, com o descerramento do Cartaz Oficial dos Moinhos Abertos 2016.

  • Exposição “Cereais da Ribeira de Muge – do Canteiro à Mesa”, integrada no tema anual da academia – A Cultura Popular. Aqui pretende-se mostrar todo o caminho dos cereais, nas suas três fases fundamentais: a produção agrícola, a transformação do cereal no moinho e a sua utilização na gastronomia local. A exposição versará não só objetos, como também fotografias. Esta irá estar acessível no período de abertura do moinho, referido acima. 

  • No domingo, dia 10 de abril, às 16.00h haverá no moinho uma sessão de “Conversas no Moinho com… Sónia Colaço, sobre A Valorização do Património Ambiental”. Sónia Colaço, bióloga formada pela Universidade de Aveiro, irá trazer ao Moinho do Fidalgo uma conversa ligada à temática da proteção e conservação da natureza.

O Dia dos Moinhos Abertos é uma iniciativa de âmbito nacional, que conta em 2016 com a sua 10.ª edição. É promovida pela Rede Portuguesa de Moinhos, e desenrola-se no fim-de-semana mais próximo ao Dia Nacional dos Moinhos (7 de abril). Tem como principal objetivo colocar abertos e visitáveis o maior número de engenhos no mesmo dia em todo o país. 

A Academia Itinerarium XIV participa nesta iniciativa pelo terceiro ano consecutivo, com o Moinho do Fidalgo, localizado no complexo do Paço Real da Ribeira de Muge. Este moinho, cuja data de construção exata desconhecemos, mas que terá cerca de cem anos, é um dos poucos da Ribeira de Muge que não se encontra totalmente abandonado, tendo sido palco de alguns eventos da academia além deste dia.



quinta-feira, 24 de março de 2016

Recordações de Quinta-feira-santa

AS BRINCADEIRAS

A Festa e o Sagrado de Transgressão

Dependentes de uma agricultura cujos métodos de exploração eram rudimentares, a mourejar do sol-fora ao sol-posto, as pessoas na aldeia vivem muito ligadas à Natureza. Existia uma sacralidade cósmica na relação das pessoas com a Natureza. A própria festa em comunidade rural, onde a agricultura de subsistência convive com o pequeno assalariato agrícola, por vezes sendo estas categorias assumidas pela mesma pessoa, decorre em função dos tempos sociais e do calendário religioso.
As Brincadeiras, ajuntamento anual, desfile de cultura popular, aparentando ser um mero encontro profano, mais não era que a criação, o reconhecimento de um tempo e um espaço diferenciados. O espaço temporal em que decorrem os festejos torna-se, para o povo, um espaço inscrito no tempo, tempo que é um tempo cíclico, inviolável, que aguardam ano após ano. O espaço físico sendo um espaço secular é para estas multidões rumorosas e festivas ocupado como um espaço simbólico sagrado. Povo habituado ao sofrimento, quando não à fome, sendo dois meios-dias de jejum, não há lugar sequer para a comida e a bebida, muito menos os seus excessos. Era assim criado um tempo e um espaço fortes em que as cantigas e os jogos campestres são claramente os elementos aglutinadores do grupo social que é a aldeia.
São pois estes rituais festivos campos de significação pelos quais a aldeia se comunica e se relaciona. O tempo da festa é vivido como um tempo mítico, o regresso a um passado primordial e imaginário, como que uma evocação e imitação de todos os que os precederam, rompem com as preocupações da vida quotidiana. As recordações de festas passadas e a expectativa das que hão-de vir, são memória e desejo, no qual as pessoas se sentem felizes.

Cantava-se e brincava-se sem parar. Um dos jogos era A Biloa.
Um grupo jovens, raparigas e rapazes, normalmente eram duas raparigas com as mãos agarradas fazem um arco. O restante grupo, em fila, agarrados pelos ombros, com a mãe à frente, vão passando, sucessivamente, por baixo do arco, enquanto cantam. Ao chegarem junto do arco, imploram, cantando:

Eu peço ao senhor barqueiro
Se me deixava passar
Tenho filhos pequeninos
Não os posso sustentar.

As duas raparigas que fazem de barqueiro, respondem enquanto a fila vai passando:

Passará não passará
Mas algum cá deixará
Se não for a mãe da frente
Há-de ser o filho de trás.

Perguntam, em segredo, ao último da fila, que impedem de passar: queres o sol ou queres a lua? Ou: queres a laranja ou o limão?, etc. Consoante a escolha, vão-se colocando, ora de um lado, ora do outro.
No final os cada grupo, agarrados, fazem o jogo da corda queimada. Ganha o grupo que conseguir arrastar o outro.

segunda-feira, 14 de março de 2016

A Ribeira de Muge no Dia dos Moinhos Abertos

Academia Itinerarium XIV adere ao Dia dos Moinhos Abertos
A Academia Itinerarium XIV da Ribeira de Muge, na senda 
da valorização do património local do eixo Raposa-Paço 
dos Negros-Marianos (Almeirim), nas suas mais variadas 
vertentes, procedeu pelo terceiro ano consecutivo à 
inscrição do Moinho do Fidalgo no Dia dos Moinhos Abertos. Esta é uma iniciativa nacional, promovida pela Rede 
Portuguesa de Moinhos, e que em 2016 assinala o seu 
10.º ano consecutivo. 
Em 2015 foram 327 os engenhos que estiveram abertos 
para esta atividade, tendo sido o Moinho do Fidalgo o único participante da parte sul do distrito de Santarém.
A programação será divulgada oportunamente, sendo 
enquadrada no tema definido para 2016: o Ano da Cultura Popular. Para já, segue o cartaz nacional desta iniciativa.
Nota ainda que o Relatório de Atividades de 2015 da 
Academia Itinerarium XIV, foi aprovado em reunião de 13 
de março, relativo ao desempenho prestado por 
esta entidade ao longo do ano passado, nas suas mais 
variadas iniciativas.

Nota: Com a devida vénia ao blog de Samuel Tomé.