Com a devida vénia ao blogue, “em busca do património”, de Samuel Tomé.
Nos 96 anos do nascimento de Francisco Henriques
Em homenagem ao poeta de Almeirim, defensor da história da sua terra, ou não a deixasse escrita, sob forma de sonetos, no Cântico à Minha Terra!
O Paço dos Negros
Contemplo estas ruínas seculares,
Restos mortais de um Paço majestoso:
Muro ameado e brasão do Venturoso
Ladeado por esferas armilares.
Agora, estes históricos lugares,
Paraíso perdido – e tão saudoso! –
Evocam, no abandono lastimoso,
Coutada, moinhos, hortas e pomares.
A Ribeira de Muge já não canta
Sob a janela manuelina, à Infanta,
Nem a trompa anuncia as montarias.
Até que um novo almoxarife assome
E afaste o mau presságio do teu nome,
Paços dos Negros, negros são teus dias.
Francisco Henriques, Cântico à Minha Terra