domingo, 27 de junho de 2010

Parque de Merendas de Paço dos Negros. Lindo.


Entre este desprezado moinho e a ribeira irão bem mais de 100 metros.


E que tem este terreno que foi há largos anos oferecido à Câmara, pelo sr. Manuel Cipriano,  para nele ser construído um Parque de Merendas?
Resposta: Erva.


Como o terreno fica em leito de cheia, aqui vai uma sugestão à Câmara que evitará a plantação de árvores em terreno inundável e aproveitará  a cultura genuína da terra:

A construção de sombreiros,  palhotas de pau a pique e bungalows com os materiais originais da ribeira, utilizados pelos negros que habitaram o paço.

Espero que esta sugestão de princípio de um parque temático, como diz o povo, não caia em saco roto e muito menos que seja um lançar de pérolas a porcos.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

O Paço real e o Convento de Nª Sª da Serra de Almeirim

Atestando o que outros documentos já nos tinham revelado, como de que o Paço foi construído para "desenfado" do rei, de que o próprio escolheu e "divisou" o local, de que os escaravos eram "escravos do rei", também a capela foi mantida pela Casa Real durante mais de trezentos anos.


«O Prior e Religiosos do Convento de Nª Sª da Serra de Almeirim

Por se haver perdido o alvará de que este assento faz menção se passou outro com “salva”? o dito prior e religiosos que vai registado no livro próprio da rainha nossa senhora a pág. 284 como dele se verá.

RETIRADOS
Assinatura indecifrada»

(RGM, 1, 192v)

E hoje, o que é que os (ir) responsáveis fazem por este monumento?

quarta-feira, 23 de junho de 2010

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Academia da Ribeira de Muge - Tu dantes era linda...

Não passes com ela à minha rua

Letra de Carlos Conde e música de Miguel Ramos – 1968 (da Internet)

Ao fim de tantos anos de ser tua
Amaste outra, casaste, foste ingrato;
Vi-te passar com ela à minha rua,
E abracei-me a chorar ao teu retrato!

Podia insultar-te quando te vi,
Ferida neste amor supremo e farto,
Mas vinguei-me a chorar, chorei por ti
Por entre as persianas do meu quarto!

Casaste, sê feliz, Deus te proteja,
Não te desejo mal, e tanto assim,
Que não tenho ciúme, nem inveja,
Como a tua mulher teve de mim!

Mas olha, meu amor, eu não me importa,
Antes que fosses dela eu já fui tua,
Podes sempre bater à minha porta,
Mas não passes com ela à minha rua!


Compare com a letra e música recolhidas em Paço dos Negros, junto de uma mulher nascida em 1924. Pelo tema tratado, uns desamores e ciúmes à mistura, será esta canção, (mais rude, tal como o povo), a parente mais velha dessa outra muito divulgada a partir de meados do século XX, na rádio? Contudo esta canção, segundo a nossa informante, era cantada já nos anos 30.

Tu dantes eras linda agora és feia,
Perdeste toda a beleza e toda a graça,
Devia-te ter ódio, mas não tenho,
Ainda tenho pena da desgraça.

Tu assim que chegaste à tua casa,
Apenas foste dizer mal de mim,
Nunca tive ciúmes nem inveja,
Como a tua mulher teve de mim.

Paciência meu amor, eu não me importa,
Namoraste outra casaste, foste um ingrato,
Foste passar com ela à minha porta,
Eu abracei-me a chorar ao teu retrato.

Paciência meu amor, eu não me importa,
Primeiro que fosses dela eu já fui tua,
Podes passar sozinho à minha porta,
Mas não passes é com ela à minha rua.

Podes passar por mim quando quiseres,
Que eu contigo nunca mais faço as pazes,
Podes amar centenas de mulheres,
Que eu para mim nunca mais quero rapazes.



quinta-feira, 17 de junho de 2010

O Convento de Nossa Senhora da Serra de Almeirim

Dois documentos nos falam da doação deste mosteiro aos frades dominicanos de Santarém, em 1501.

Original, Ch. D. Manuel I, Liv. 37, fol. 40.





Transcrição do original, LN, Liv. 11 da Estremadura, fol. 151, rolo 997. (trecho).



«Ao mosteiro de S. Domingos mercê da casa de Nossa Senhora da Serra de junto com Almeirim com todas suas pertenças e ornamentos e cousas que nela estão.


D. Manuel e etc., a todos quantos esta carta virem fazemos saber que confiando nós como a casa de Nossa Senhora da Serra de junto de Almeirim pudesse ser melhor provida e nela as cousas do serviço de Nosso Senhor pudessem ser melhor feitas e acerca delas pudesse haver quem melhor e mais combinadamente as tivesse e administrasse determinamos fazer da dita casa esmola ao mosteiro da Ordem de S. Domingos da nossa vila de Santarém. Porém por esta presente carta por fazermos graça e mercê ao prior e frades do convento do dito mosteiro e lhe fazemos pura e irrevogável doação deste dia para todo o sempre da dita casa de Nossa Senhora da Serra com todo o seu assento e com todas as cousas e ornamentos e quaisquer outros que até o presente nela estão e tínhamos dado para serviço da dita casa e assim inteiramente como nela todo o que a ela é decretado e ordenado nos pertence e por qualquer maneira que ao diante nos pertencer possa com obrigação que o dito prior e frades e convento do dito mosteiro que são obrigados para todo o sempre ter continuadamente na dita casa para serviço dela e para os ofícios divinos e cousas do serviço de Nosso Senhor três frades dos quais um ao menos seja de missa e que cada dia se diga uma missa ao menos de qualquer devoção santo ou santa que eles mais quiserem porque nesta parte não queremos que tenham obrigação alguma …/… Dante em a nossa cidade de Lisboa a 20? dias do mês de Abril, do ano do nascimento do nosso Senhor Jesus Cristo de mil e quinhentos e um.»

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Contos do Rei Preto

Para quem não pode ler n"O Almeirinense".

O Rei Preto e o Moinho dos Frades
bronzes do Benim

Em meados do século XVI, os frades de Nª Sª da Serra de Almeirim vinham à Capela do Paço da ribeira de Muge rezar missa. Pelo seu zelo em cuidar das almas, o rei veio a dar-lhes em esmola o assento de uns moinhos na Ribeira de Muge.
O Rei Preto, homem preto da capela, já entradote nos anos, mas que mestre era em artes várias, logo que soube da real mercê aos frades, ofereceu-se para os ensinar na arte da moagem. Em troca, os frades prometeram levá-lo ao convento e o ensinariam a bem rezar o latim.
Os frades eram gulosos e, de moinhos, o que mais queriam era a farinha feita em doces bolos.
O Rei Preto, nos seus preparos da capela, passava agora os dias a rezar no seu latim, Jeju! Crasalam! Pato Nosso!:

Jeju! Crasalam! Pato Nosso! - Pater noster, qui es in caelis,
Santo paceto ranho tu - Sanctificetur nomen tuum,
E siguo valente tu - Flat voluntas tua
E sinco sego salva tera. - sicut in coelo et in terra.
Pão nosso quanto dão - Panen nostrum quotidianum
Da noves caro he - da nobis hodie
debrite nose de brita noses - et dimite nobis debita nostra
Ja libro nosso gallo. - sed libera nos a malo.
Ámen, Jeju, Jeju, Jeju.

Entretanto os freires quando pensaram que já eram mestres esqueceram-se do Rei Preto. No moinho nem vê-lo queriam agora. Que era malcriado, preto velho não aprende línguas, que se ocupasse da capela. Tinha até a única virtude de lhes estragar as meditações, diziam.
Os frades revezavam-se na tarefa de moer o pão. Era uma oportunidade de passarem a noite em meditação, a ver escorrer a alva farinha. Todos os dias, ao nascer do sol, aparecia no moinho um irmão para substituir o que lá ficara de noite.
Os monges, românticos e sonhadores, embasbacados que estavam com a beleza e a alvura da branca farinha, era tal qual como liam nos livros, nem viam o pó doentio que aquela arte acarretava; ficavam horas em meditação, a respirar o pó da farinha, e a dar graças ao Criador.
Os fregueses esses esperavam, esperavam, até que resolviam ir pela farinha a outro moinho. Breve não tiveram os frades outra solução, senão arrendar os assentos de moinho.
Sobre a regulação da água, pouco os interessou aprender do que o Rei Preto lhes ensinou. Conseguiram captar apenas, comparando com a farinha nos gulosos bolos, que a água nos rodízios sa arte de muto cência, sa de passá no quelha com conta, peso e medida.
Ora, o Rei Preto, rebelde, revoltado que era, ao sentir-se desconsiderado pensou logo em vingar-se, de modo a que os frades viessem a reconhecer a sua real autoridade na arte de moer o pão.
Então, uma fria noite de inverno foi à represa e deitou fora a adufa de madeira que regulava a água.
Sem controlo na água, o rodízio deu em rodopiar com uma velocidade tal que estragava a farinha e as mós já faiscavam lume.
O frade ao acordar da sua contemplação, atrapalhado, vai a correr à represa e, recordando-se de que a água devia passar na calha com conta, peso e medida, corre a buscar um alqueire e sentou-se dentro da levada. Quando o frade substituto chegou, estava ele em meditação, enregelado, a medir a água com o alqueire da farinha.

Nota: Conto recolhido da tradição em Paço dos Negros; foi usada linguagem de Gil Vicente, em “O Clérigo da Beira”, por sua vez recolhida junto de Fernando Frade, homem preto da capela de S. João Baptista de Paço dos Negros.



segunda-feira, 14 de junho de 2010

Recolhas da Academia da Ribeira de Muge


Nos anos 40 do século passado, o grande Manuel Certeza, fazia sucesso por toda esta ribeira de Muge.




Manuel Certeza

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Rituais de trabalho

A partir dos 10 anos, no desejo de passar ao rol das mulheres, de não serem “cortadas” no preço, as raparigas sujeitavam-se ao ritual da aguadeira.


Dois casos que tiveram sortes diversas. Quanto vale uma boa cantiga!


terça-feira, 8 de junho de 2010

Na senda dos negros benins da Ribeira de Muge

As relações com o Benim vinham-se desenvolvendo desde o final do século xv. Nos anos de 1514-16, houve um incrento destas relações, documentadas que estão.

ERETIRADOS
[ass]: Dom  Jorge e Dom António                       Jorge Correia»


domingo, 6 de junho de 2010

A Coutada da Ribeira de Muge

Documento de criação da "Coutada Nova de Almeirim".
Foi criada tal como o Paço, "para desenfadamento" do rei D. Manuel I.

Criada em 1514, a 8 de Fevereiro.  Diogo Rodrigues, primeiro almoxarife de Paço, foi nomeado, oficialmente a 9 de Fevereiro.


LN, LIV.12 DA ESTREMADURA, FOL. 11, ROLO 1008.
(apagados temas laterais, em photoshop).




Marco encontado na estrema da Coutada da ribeira de Muge, cumeada da ribeira dos Grous, fronteira da freguesia de Raposa com a freguesia de S. José da Lamarosa.

RETIRADOS

sexta-feira, 4 de junho de 2010

O Aiveca

Um caso acontecido nas charnecas entre Paço dos Negros e a Lamarosa de Coruche, em meados de século XX.
As mulheres, mais uma vez, logo cantaram a desdita de uma rapariga. (canta Vitorina Frazão-Raposa).